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Whyzdom - "Blind" Review


Blind?, o segundo disco dos franceses Whyzdom, é um daqueles bons exemplos de que por vezes não ganhamos nada em ser precipitados. É que sejamos francos, 2012 não tem sido um ano especialmente brilhante no que a metal com vozes femininas diz respeito, e isto vindo de um adepto incondicional, com as grandes excepções a caírem nos novos de Delain e Kells, bandas que à partida nem se perfilavam para tal. Com isto em mente, e após as primeiras audições de Blind?, seria quase inevitável não pensar em mais um tiro no pé.

Para já, nova vocalista. E tal como na muito interessante estreia From The Brinks of Infinity, os Whyzdom voltam, na opinião deste escriba, a não conseguir contar com alguém na parte vocal que faça jus ao grande talento e técnica da banda. Ao optarem por Elvyne Lorient, os Whyzdom passam a mensagem de quererem jogar pelo seguro. Uma vocalista suficientemente capaz, mas sem grande carisma ou traços distintos, excepção feita ao seu irritante sotaque capaz de deixar envergonhada uma Elisa C. Martin nos seus primeiros tempos. Quando se sabe que a banda andou em digressão com a fantástica Lisa Middelhauve, esta Elvyne sabe mesmo a pouco, mas vá poderia ser pior.

A isto junta-se o aumento da complexidade dos temas, pedindo uma exigência maior quando comparado com o disco anterior, e por momentos fica no ar uma nova incursão falhada no campo do progressivo ala Autumn ou Epica. Felizmente que a cada nova audição, tal ideia vai-se cada vez mais desvanecendo, e de repente Blind?, não só já não soa tão mau, como até se chega à conclusão de que é sim, uma versão melhorada de From The Brink of Infinity.

Algo que já no disco anterior ressaltava nos Whyzdom é a capacidade de conseguirem abordar temáticas e sonoridades ligadas à fantasia, sem nunca entrarem no campo do lamechas ou de barroquismos exacerbados. No fundo é como se conseguissem adaptar o fantástico ao misticismo e beleza da noite parisiense, à falta de melhor definição. Talvez por culpa da maneira como compõem os arranjos orquestrais, que não andam de todo ao reboque da banda, sendo que por vezes agem mesmo como se estivessem num mundo à parte, como em The Spider ou The Wolves. Uma ideia que no papel poderá soar absurda, mas que em disco soa incrivelmente bem.

Claro que ajuda quando se tem músicos bastante competentes que fazem o balanço perfeito entre o serem bem mais que um mero acessório da voz e dos elementos orquestrais, e o não se perdem em longas divagações de ordem técnica, favorecendo sempre a música em detrimento do ego. Daí que não é de estranhar que saquem refrãos exemplares como o tema de avanço The Lighthouse, ou Lonely Roads, ou mesmo malhas pungentes como Dancing Lucifer.

Mas onde conseguem mesmo ser sublimes é no épico Cathedral of the Damned, um tema simplesmente fantástico, uma autêntica fábula sónica de diferentes andamentos, onde tanto a força da orquestra e coro como do metal criam uma sensação quase apoteótica.

Em suma, um grande disco de uma banda que pelos vistos vale a pena manter debaixo de olho. Pena a parca ambição em algumas escolhas, ou o disco poderia ser ainda melhor.

Nota: 8.8/10

Review por António Salazar Antunes