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Therion - "Les Fleures du Mal" Review


Provavelmente não será uma opinião unânime, mas fica a ideia de que os tempos áureos dos Therion já lá vão, algures entre o lendário Theli e Sirius B. Isto porque ao analisar os últimos registos da banda de Christofer Johnsson, constata-se que Gothic Kabbalah, sendo um disco algo interessante, já parecia demasiado extenso para o seu valor, e o seguinte Sitra Ahra, não deixou de todo qualquer tipo de saudades.

Consequência disso, ou não, a banda parte para uma aventura que tem tanto de arrojada, como de natural, tendo em conta que se fala de Therion. O que Christofer Johnsson se propôs a fazer em Les Fleures du Mal, e de forma autofinanciada, foi reescrever temas populares dos anos 60/70, interpretados na língua de Baudelaire, ao estilo metal sinfónico de Therion. Afinal de contas já antes tinham feitos brincadeiras do género como Summernight City dos Abba.

Les Fleures du Mal mostra acima de todo um conceito muito bem delineado, e bastante interessante, na medida em que existe uma homogeneidade latente na rescrita dos temas, o que desde logo afasta a ideia de um simples disco de covers. A maneira como flui é sem dúvida o seu grande ponto positivo, e embora muitos dos temas aqui contidos tenham o estatuto de intocáveis, é quase inegável o novo charme dado pelos Therion a Poupée de cire, poupée de son (France Gall), Initials B.B (Serge Gainsbourg) ou Dis-moi poupée (Isabelle).

Mas infelizmente Les Fleures Du Mal sofre dos mesmos problemas dos discos atrás referidos, ou seja, a produção quase perfeita, e demasiado orgânica (para não dizer plástica), que a banda insiste em impor aos seus discos. Algo que se reflete e de que maneira nos temas, tirando-lhes um pouco de vida e intensidade. 

Ainda assim uma experiencia que se aplaude, vinda de quem já nos habituou a quebrar barreiras e tradições desde há muitos anos. Daí a ser um novo folgo nesta fase descendente dos Therion é que já suscita algumas dúvidas.

Nota: 7.8/10

Review por António Salazar Antunes