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Acelsia - "Don’t Go Where I Can’t Follow" Review


Aqui temos um trio, composto por Malene Markussen (piano e (que) voz), Odd Henning (guitarras, baixo e sintetizadores) e Bjorn Tore Erlendsen (bateria), a tocar uma espécie de rock alternativo, com alguns toques de hard rock, e que apresentam agora a sua estreia, Don’t Go Where I Can’t Follow. Até aqui nada de novo, ainda para mais quando o mercado está completamente saturado de bandas do estilo.

No entanto os Acelsia apresentam uns quantos argumentos capazes de nos fazer olhar para eles de forma mais preponderante, a saber, músicos bastante competentes, uma voz que é simplesmente uma delícia, e a capacidade de elaborar temas de grande conteúdo emocional, carregados de linhas vocais do mais orelhudo possível. O que tudo junto faz passar a ideia de termos aqui algo muito especial, ao nível do que fazem hoje em dia os The Gathering ou mesmo Pale Forest.

Uma miragem que se desvanece devido a uma composição um tanto ou quanto descuidada, repleta de decisões bem discutíveis, de quem até admitiu ter gravado o disco o mais depressa possível, de forma a garantir-lhe espontaneidade. Talvez tenham mesmo ganho alguma coisa nesse campo, mas numa banda que está agora a começar, seria utópico que outros factores não se perdessem também. Afinal de contas, se a manta tapa de um lado, também destapa do outro.

Por exemplo, já se sabe que a melodia vocal do tema de introdução Roads é divinal, mas seria mesmo necessário reciclá-la de forma tão óbvia em Blue Knell, que por seu lado possui um refrão tão pouco natural? Ou o que dizer da perca de tempo que é Left Alone?

Ao mesmo tempo que se preza a capacidade de Don´t Go Where I Can’t Follow nos oferecer grandes momentos, também não deixa de ser perturbador a similaridade desses mesmos momentos, quase como se a mesma ideia tivesse sido explorada e abusada das mais variadas formas.

Nestes casos, ganham os temas, cujas melodias mais depressa ficam na cabeça do ouvinte, daí que a emoção de The Mender, o single de avanço que consta já toca nuns quantos sítios, e Haven, bem como a tristeza de Up On The Roads sejam os grandes pontos de interesse desta estreia.

Por norma, quem se arrisca fazer um disco com tamanha falta de variedade, vê o resultado ser descompensado no chamado “replay value”, e Don’t Go Where I Can’t Follow parece destinado a não durar muito tempo. Ainda assim, não deixam de estar de parabéns por esta estreia, mas que o resultado poderia e deveria ser bem melhor, ai sim poderia. Fica para a próxima, esperemos.

Nota: 7.8/10

Review por António Salazar Antunes