Parece que a criatividade do belga Mathiew Vanekerckhove, uma das forças motoras por detrás de Amenra e Kingdom, não tem limites, e Syndrome o seu novo projecto apresenta-se com uma experiencia muito peculiar e interessante. Num tributo prestado ao filho, o músico põe de lado a agressividade monolítica da sua banda principal, e embarca numa única viagem de 27 minutos, onde a simplicidade é sem dúvida a palavra de ordem, e em que os sons, mais do que as palavras quase ausentes, é que contam uma narrativa de contornos atmosféricos e melancólicos.
É especialmente interessante, a maneira como o músico nem sequer precisa de se socorrer de linhas melódicas complexas, ou incisivas, para poder incutir no ouvinte a intensidade necessária para que o disco tenha um efeito incisivo, por vezes bastando o minimalismo das notas de uma guitarra, conjugado com alguns sons atmosféricos. Tanto e ao mesmo tempo tão pouco acontece nesta única faixa, que desengane-se quem achar que servirá qualquer propósito de música de fundo, ou que qualquer estado de espirito será suficiente para poder entender esta viagem pelas paisagens recônditas da mente de Mathiew Vanekerckhove.
Com participação de Collin H. van Eeckout (também ele dos Amenra) em algumas vozes, e Josh Graham dos Neurosis no piano e Mogg, Now and Forever é um trabalho difícil de ser descrito por palavras, e praticamente impossível de catalogar, mas ao mesmo tempo envolvente e libertador.
Nota: 8.8/10
Review por António Salazar Antunes
