About Me

Coilguns - "Commuters" Review


Álbum de estreia dos suíços Coilguns que apresentam um híbrido de hardcore com mathcoree sludge e até uma pontada de noise misturada com ambient - o feeling orquestral e decadente da "Blunderbuss Committee". Faixas como "Hypnograms" e "Machines Of Sleep" e os seus ritmos intricados e matemáticos não enganam ninguém, no entanto acaba por se ter também algo mais lento e abrazador como a desconfortável segunda parte da "Commuters", que de uma secção de spoken word acelerada vai desaguar numa gritaria desgarrada de uma intensidade descomunal, passando por uma fase de repetição que tem alguma dificuldade em passar à fase de hipnose.

Com faixas curtas e espásmicas a meio do álbum, há uma falsa ilusão de que o álbum é pequeno, mas a sua complexidade e as estruturas desconcertantes de cada uma das músicas, faz com que estes quase cinquenta minutos pareçam realmente muito mais. Como um puzzle, como uma peça de estudo, "Commuters" fascina. Do lado puramente musical, ou seja, do lado leigo da coisa, pode faltar alguma paciência para tentar perceber tudo o que se está a passar. Parece impossível que apenas três pessoas consigam fazer barulho mas a verdade é que desde que Louis Jucker deixou o baixo apenas para se dedicar à voz, que as linhas de baixo são repartidas entre o baterista, Luc Hess, e o guitarrista, Jona Hido - que segundo consta, optou por arranjar uma série absurda de amplificadores de guitarra e baixo, junto com cabeçotes e uma pedaleira para dar a sensação de estarem a tocar dois guitarristas e um baixista.

Desconcertante, inquietante e desafiante, que tanto poderá afastar os mais ligados ao som mais tradicional como atrair aqueles que vivem para ouvir coisas que os façam levantar a sobrancelha. "Commuters" tem tudo para fazer os dois de forma magistral. Um álbum para consumir em pequenas doses para melhor absorção mas sem dúvida que em doses sucessivas.


Nota: 7.7/10

Review por Fernando Ferreira