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Aborym - "Dirty" Review


Sejamos sinceros, há muito tempo que as coisas deixaram de ser interessantes para o lado dos Aborym, sendo que o último álbum realmente marcante foi o "With No Human Intervention", lançado dez anos atrás. Por muito que não se tente ficar agarrado ao passado, é difícil não olha para trás quando o que temos à frente não é inspirador o suficiente. Se antes havia uma certa selvagaria cheia de sujidade industrial, o que temos agora é um feeling de música de dança que não deixa de ser desconfortável. Basta ouvir o refrão da primeira música "Irreversible Crisis".

Com isto não se quer dizer que temos dez músicas para esquecer. A faixa título consegue picos de intensidade bem interessantes, tal como a faixa seguinte, "Bleedthrough", numa estrutura tipicamente black metal. Também existem bons solos de guitarra, surpreendentes e inesperados que não consegue apagar o sentimento de estranheza habitual a um álbum dos Aborym, que títulos como "Raped By Daddy" não deixam ninguém enganar. A questão é que se antes havia um extremismo desconfortável, esse extremismo desapareceu. Ou seja... os Aborym surgem mais acessíveis que nunca.

Acaba por ser impossível não pensar nos tempos de Attila Csihar, havendo comparações imediatas no pensamento com o passado. Tendo noção disso ou não, esta edição é em cd duplo, sendo que o segundo cd (do qual não tivemos acesso) é composto quase unicamente por versões - duas novas versões de "Fire Walk With Us" e de "Roma Divina Urbs", dois temas emblemáticos da banda; três covers, a "Hallowed Be Thy Name" dos Iron Maiden, "Comfortably Numb" dos Pink Floyd e a "Hurt" dos Nine Inch Nails. A sexta e última faixa é uma experiência sonora, escrita por Alberto Penzin dos CO2 e tocada por uma série de convidados especiais assim como por diversos fãs, sendo uma manta de retalhos de todas essas colaborações.

Agradará, possivelmente, a todos aqueles que gostam da mistura entre industrial e electrónica com o metal mais extremo - neste caso, o black metal - mas a verdade é que o metal mais extremo, nem é assim tão extremo e o álbum acaba por ter muitos poucos momentos marcantes. Curiosamente, a faixa que encerra o álbum, "The Day The Sun Stopped Shining" é onde se pode encontrar um dos riffs mais black metal e é onde também se tem o momento mais melódico. Enfim, dualidades da vida que podem desinteressar a quem gostava apenas da banda por causa um dos seus lados, o mais selvagem. E a propósito, e em jeito de aviso, a versão da "Hallowed Be Thy Name" é tenebrosa.
 
Nota: 6/10

Review por Fernando Ferreira