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The Black Heart Rebellion - "Har Nevo" Review


Segundo álbum dos belgas The Black Heart  Rebellion que especializam-se em baralha a cabeça dos ouvintes. Baralhar, estupefectar (nem sem se o verbo existe mas se não existe, deveria existir e a culpa seria dos belgas), tudo que seja causar uma reacção. Existem muitas bandas que fazem isto, muitas outras que o tentam fazer sem conseguir. As que conseguem, normalmente tentam levar algo ao extremo, sejam sentimentos que tentam passar e/ou provocar no ouvinte, seja na composição, seja na imagem, seja nos níveis de décibeis. Os TBHR são simplesmente esquisitos. Experimentais mas sem meter nojo.

É daqueles casos em que a banda tenta ir a todos os lados em termos de diferentes influências, que passam a ideia de que não chegam a lado nenhum, apenas para o ouvinte aperceber-se no final (se estiver para aí virado) que realmente foi uma viagem, daquelas que não antecipava ter. Uma variedade impressionante, onde temos um pouco o feeling de new wave, rock psicadélico, folk, neo-folk, hard rock dos anos setenta, música ritualista. Muitos estados de espírito diferentes mas que todos se unem no mesmo álbum, para criar uma obra de peso, mesmo sem o uso (assumido) de distorção. A faixa que se destaca é, sem sombra de dúvidas, a "Ein Avdat", que parece que foi tirada de um filme biográfico dos The Doors que ainda não foi filmado - nalguma cena que envolva mezcal no deserto.

É um álbum que não é de audição fácil, mas que vai crescendo a cada audição, de forma que deixa o ouvinte perplexo e que faz de música para música o que certas bandas fazem de álbum para álbum. Se isso faz com que o álbum pareça que se dispersa um pouco, sem um fio condutor, também faz com que se torne atractivo - o ouvinte não sabe mesmo o que lhe vai aparecer de seguida. Fazendo parte do colectivo musical oriundo da Bélgica intitulado Church Of Ra (encabeçado pelos Amenra), os The Black Heart Rebellion são uma banda invulgar, assim como este "Har Nevo". Invulgares mas sem dúvida, bons, não chegando à excelência, mas com este caminho a ser percorrido, o próximo álbum deverá marcar a diferença.
 
Nota: 7.5/10

Review por Fernando Ferreira