Os Tears of Martyr irão sempre ficar marcados no universo metaleiro em Portugal, por terem sido uma das bandas incluídas no famigerado Lisbon Dark Fest, que chegou mesmo a actuar para um público desiludido pelas ocorrências da altura, e que infelizmente teimam em desdobrar-se em novos capítulos a cada dia que passa. Só por se terem sujeitado a isso já lhes deveria conferir um certo carinho da nossa parte, ainda para mais quando segundo consta, a sua prestação não desiludiu os presentes, e como tal resta saber como a banda se safa em estúdio neste seu segundo disco, Tales.
Mau álbum ele não é, longe disso até, mas os Tears of Martyr permanecem ainda demasiado ligados às suas influências para o seu próprio bem, especialmente no canto lírico da vocalista Berenice Musa que remete imediatamente para o nome habitual quando se fala de sopranos. Musicalmente andam à volta de um híbrido entre power e metal gótico, algo que por certo não desiludirá os fãs de Nightwish ou Lunatica.
A juntar a isso, o line-up das faixas acaba por não ser o mais feliz, com o disco a começar com dois dos temas menos interessantes The Scent e Golem, este último com uma letra de fazer corar. Mas logo de seguida a balada Mermaid and the Lonliness abrilhanta as coisas, a que se segue o enérgico Vampires Of The Sunset Street, que mostra que os Tears of Martyr sabem como escrever um bom refrão. A partir daí o disco sofre algumas oscilações, tendo ainda mais um bom ponto de paragem no dramático Of Raven Born, porventura inspirado na vida e obra do escritor Edgar Allen Poe.
Com a produção a cargo de Luigi Stefanini e Enrik García (guitarrista dos Dark Moor), Tales é um disco que vem atestar não só da qualidade da banda castelhana, mas também do longo percurso que têm ainda a desbravar se algum dia quiserem ser um nome marcante.
Nota: 7.3/10
Review por António Salazar Antunes