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Trail of Tears - "Oscillation" Review


É com muita mágoa que ouço o novo disco de Trail of Tears, não pela qualidade do produto, mas sim por ser o canto do cisne de uma das bandas mais interessantes que alguma vez apareceram no espectro do Dark Metal / Female Fronted Metal Scene.

Deles nunca se disse que fizeram discos absolutamente brilhantes é verdade, mas ousaram como poucos o fizeram, e tal como os Orphanage e After Forever, pagaram caro essa fatura chegando ao fim da sua carreira incompreendidos, colocados em sacos comuns sem qualquer tipo de critério, e sem a aceitação que eventualmente mereciam.

A edição de "Oscillation" acaba por resultar num pequeno presente aos fãs que sempre se mantiveram fiéis à banda, e haverá melhor título para descrever o que foi a carreira dos Trail of Tears do que este? Por entre lavares de roupa suja em público, debandadas quase totais de elementos e mudanças de vocalistas femininas, estabilidade foi coisa que sempre faltou aos noruegueses.

Mas vamos ao disco que é o que realmente interessa. "Oscillation" acaba um capítulo que foi começado em "Existentia", e que teve o seu expoente máximo em "Bloodstained Endurance", porventura o melhor disco que a banda alguma vez compôs. Ou seja, do thrash e black metal dos 4 primeiros discos já muito pouco se encontra, mas sim um híbrido de metal gótico e sinfónico, com alguns laivos agressivos aqui e ali, muito por culpa da voz grunhida do vocalista de sempre Ronny Thorsen. 

"Oscillation" qualitativamente não fica muito abaixo de "Bloodstained Endurance", sendo até superior em alguns pontos, a começar pela prestação de Cathrine Paulsen, que simplesmente rouba para si todas as atenções do disco, numa prestação quase irrepreensível denotando um carisma e um poderio vocal sublimes, ao mesmo tempo que consegue ser subtil e emotiva quando a musica assim o exige. De certa forma a vocalista bem pode colher os seus louros, pois o aumento de qualidade destes discos confunde-se com o seu regresso à banda, agora bem mais extrovertida quando comparando com a sua discreta prestação em "A New Dimension of Might".

Num disco bastante diverso em cada tema vale por si, não é demais destacar o triunfal "Crimson Leads On The Trail Of Tears", a complexidade de "Path of Destruction", a beleza de "Lost in Life", ou os excelentes refrões do tema título e "Waves of Existence". Curiosamente acabam por ser os “pesados” "Our Grave Philosophy" e "Eradicate" a denotarem-se como os momentos menos conseguidos, mas cuja inclusão faz todo o sentido para o bom equilíbrio do disco.

Dificilmente os Trail of Tears poderiam pedir melhor término de carreira do que "Oscillation", e ao termos em mente essa decisão faz com que os momentos mais emotivos do álbum tenham uma conotação extra, tornando a ligação emocional ao disco maior do que aquilo que à partida se poderia supor. E se o desaparecimento dos Trail of Tears não é a mais agradável das notícias, também não deixa de ser motivo de orgulho terem acabado em alta. RIP

Nota: 8.9/10

Review por António Salazar Antunes