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Entrevista aos Heaven Shall Burn


Os Heaven Shall Burn são um dos nomes grandes do Metalcore actual e estão de volta com o seu novo álbum “Veto”, onde mais uma vez mostram todo o seu poder e toda a sua qualidade. Oportunidade perfeita para lhes fazer algumas perguntas!



M.I. - Para começar, devo dizer que é uma grande honra receber os Heaven Shall Burn aqui na Metal Imperium. O novo álbum “Veto” foi lançado a 19 de Abril. O que podemos esperar dele?

Terão HSB de certeza! Temos vindo a trabalhar nalgumas coisas como uma melhor qualidade de som e melhor forma de escrever músicas, mas em poucos segundos irão reconhecer HSB. Isso se já conhecem a banda de álbuns anteriores. Não somos o tipo de banda que está constantemente a mudar tudo e que tenta expressar algo de uma forma artística. Nós só tocamos a música que gostamos e tentamos ficar melhor com isso. Por isso, "Veto" é, basicamente, o próximo passo lógico na nossa carreira.


M.I. - A capa do álbum é surpreendente. O que querem transmitir com ela?

É uma pintura feita por John Collier, em 1897. Mostra Lady Godiva e queremos que as pessoas se lembrem da sua lenda. Para aqueles que não sabem, a lenda diz que ela andava nua pela cidade de Coventry, no século XI, para protestar contra a tributação opressiva que seu próprio marido foi impondo ao seu povo. Ela era uma pessoa da "classe alta", mas importava-se muito pelas pessoas comuns e os seus problemas. Ela tentou fazer a diferença e não se limitou a ignorar o que viu.  Pensamos que é uma história muito forte, que mostra que as pessoas, mesmo da classe alta, ainda podem ser pessoas normais e ter ligações com os mais desfavorecidos. Na sociedade de hoje, as pessoas poderosas ou políticos, ocupam-se principalmente dos seus negócios e perdem o contacto com o dia a dia que as pessoas levam. Eles não vêem os seus problemas e eles não se importam. Lady Godiva é um símbolo de que as coisas podem ser feitas de forma diferente.



M.I. - Como foram os processos de composição/gravação do álbum?

Eu diria que os nossos dois guitarristas, Maik e Alex, começaram em Setembro de 2012 a transformar as nossas ideias em músicas de verdade, como se fosse uma espécie de demo CD. Têm trabalhado nos Chemical Burn Studio - uma vez que o Alex é proprietário - e onde a parte principal das gravações foram feitas. A partir de Novembro, começamos com as gravações a sério. A bateria foi gravada com Tue Madson, no Antfarm Studio, na Dinamarca e o resto no Chemical Burn Studio. Infelizmente eu ainda estou numa pausa de tocar ao vivo com a banda, devido a alguns problemas nas costas, por isso não estava em condições para participar no álbum. O Dan Wilding, que também já nos ajudou ao vivo e que toca agora nos Carcass, gravou a bateria e fez um trabalho incrível. Portanto tudo foi feito entre Novembro e Janeiro, mas não gravamos todos os dias. Tivemos alguns concertos e também uns dias de folga. Por isso tivemos tempo suficiente, para cuidar também de alguns detalhes e o resultado é muito gratificante para nós. 


M.I. - Contam com alguns convidados neste álbum. Podem-nos falar sobre isso?

Hansi Kürsch dos Blind Guardian participou em "Valhalla" e estamos muito orgulhosos por ele ter gostado da nossa versão em que ele é uma parte muito importante. Para além dele, temos o Rob e o Dom dos Born From Pain em "Die Stürme rufen dich", uma música que mistura letras em alemão e inglês. Os BFP são nossos amigos de longa data e também uma banda política que ainda tem algo a dizer. Depois tivemos algumas guitarras, tocadas pelo pessoal dos Macbeth, uma banda de thrash do leste alemão, que existe desde 1985. Eles já tocavam este tipo de música quando todos nós vivíamos num país "socialista", nos anos 80! Eles apenas fazem a sua cena, tocam a música que amam apesar de terem sofrido devido às políticas opressivas e tomaram as suas consequências pessoais. Escusado será dizer que eles também abriram o caminho para bandas como nós e temos orgulho de tê-los no álbum também..


M.I. - Como está a vossa agenda neste momento? Podemos esperar um concerto em Portugal em breve?

Infelizmente, estivemos em Portugal apenas uma vez, em 2000. Realmente adorei, mas nunca houve oportunidade para voltarmos. Espero que possamos trabalhar em algo para o futuro próximo. É um pouco mais difícil para nós tocarmos aí, mas vocês têm aí boas pessoas a fazer concertos. Apenas não coincidiu com a nossa agenda. Nós não damos muitos concertos, porque a maioria de nós tem empregos regulares ou estudos. Mas definitivamente adoraríamos voltar a visitar o vosso país. Já passou muito tempo.


M.I. - Os Heaven Shall Burn são uma banda extremamente experiente, com mais de 15 anos de carreira. Sentem-se como uma grande influência para as bandas novas? Que balanço fazem de todos estes anos?

Alcançámos muita coisa, muito mais do que alguma vez esperávamos. Tudo que nos aconteceu é positivo. Nunca seguimos uma ideia, para sermos bem sucedidos, tudo aconteceu naturalmente e passo a passo. É lisonjeador, quando as bandas nos dizem que somos uma influência. Mas a parte boa é que eu não ouço bandas que realmente soam como HSB. Não há nenhuma cópia real. Mas eu acho que nós estamos a trazer algumas bandas mais velhas para as gerações mais jovens, porque são influenciados por HC antigo e bandas de metal. Por isso, se as bandas mais jovens se unirem às mais velhas, é o ideal!



M.I. - O que nos podem dizer sobre a cena alemã?

É enorme é diversificada. Continuamos a ir a concertos HC, metal e punk, por isso não nos focamos apenas numa cena. Podemos ver desenvolvimento em todo o lado. A maioria das cenas são abertas e não tão separadas como noutros países. Diferentes pessoas reúnem-se em cenas diferentes e todos se respeitam mutuamente. Pelo menos de onde viemos, ainda é assim: Metalheads organizam um concerto, mas também vão para lá outro tipo de pessoas. Já não existe tanto aquela separação. Na nossa área há algumas boas bandas de metal, velhas e novas. Temos os Deserted Fear, Spydor e Kali Yuga e toneladas de outras bandas que dão grandes concertos mas ainda precisam de espalhar o seu nome. Os Maroon is back e os Fall Of Serenity também estão a trabalhar em novo material com xBarrenx. Nós também temos uma banda Vegan Straight Edge, que está a dar cada vez mais concertos. Por isso está tudo muito vivo.


M.I. - Finalmente, obrigado pela entrevista e desejamos tudo de bom para a banda! Últimas palavras para os fãs portugueses?

Obrigado pelo apoio e pela entrevista! Esperamos tocar em Portugal num futuro próximo. Esperamos ver-vos  em breve! Abraços!


Entrevista por Chris Correia