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Windhand - "Soma" Review


Mais um tesouro por parte da Relapse, desta feita, o segundo álbum dos norte-americanos Windhand. Se este álbum viesse embrulhado num saco com erva seria a embalagem mais que adequada. Se a sala de audição do álbum estivesse coberta de fumo, também seria bem adequado. Não que haja um prazer por parte aqui do escriba em criar fumo a partir de erva (seja qual for a qualidade) mas a verdade é que o som aqui puxa mesmo a isso. E mais ainda, puxa hipnoticamente a isso. São setenta e sete minutos em seis faixas que passa num instante, fruto de um ambiente para o qual a produção ajuda muito a estabelecer.

Doom lento mas ao mesmo tempo com a pica de um stoner rock, criando malhas que se movem como mamutes paquidermes a percorrerem uma longa distância - como a acústica "Evergren", que apenas movida a viola e voz, se torna igualmente hipnótica. E por falar em voz, o trabalho de Dorthia Cottrel é das coisas mais fantásticas que há a destacar aqui, seja pela acidez da sua voz seja pelo efeito eerie e meio psicadélico que desperta. Ok, a entrega vocal ao longo do álbum acaba por ser um pouco unidimensional e também parece haver uma quota parte de efeitos sobre a mesma, mas mesmo assim, não deixa de ter o efeito que tem.

É um álbum que potencialmente pode ser aborrecido para alguns mas que para outros pode ser o álbum das suas vidas. Para pessoas que acham que o "Dopesmoker" foi um marco do doom/stoner, poderão sentir-se tentados a dizer o mesmo deste. E... quando um álbum fecha com uma música de trinta minutos, "Boleskine", que é um malhão doom como há muito tempo não se ouvia, fazendo uso de elementos de folk como doom e acabando enigmáticamente com sons de vento, enquanto a música vai morrendo lentamente em fade out. Por diversas razões, este é um grande álbum de doom metal sujo, porco e mau. Portanto, essencial.
 
Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira