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Wolvserpent - "Perigaea Antahkarana" Review


O doom assume-se cada vez mais como uma forte aposta por parte da Relapse. Depois do lançamento do segundo álbum dos Windhand surge o segundo álbum dos Wolvserpent pelas mãos da independente norte-americana. Se o doom dos primeiros é mais tradicional, apoiado nas guitarras, o doom deste é bem mais experimental, roçando por momentos o drone. Cinco temas dividos em dois discos que perfazem um total de oitenta e quatro minutos. Com uma forte preocupação em criar ambiente, também há depois a preocupação em criar o oposto. O início algo pacífico com a intro "Threshold: Gateway" é totalmente aniquilado pela entrada ameaçadora de "Within The Light Of Fire", um doom que a início com algum ritmo mas depois intercala com momentos mais arrastados, não deixando nunca para trás o efeito claustrofóbico.

Num tema parece que passa uma vida inteira e é quando reparamos que não se chegou sequer a metade. O início de "In Mirrors Of Water" recupera um pouco da tranquilidade da intro e vai crescendo de intensidade, usando um pouco de drone e uma ambiência quase pós-rock que tem um efeito hipnótico muito bem conseguido, que descamba no que parece ser algo arraçado de black metal, pesado, negro e intenso, mas ao mesmo tempo mantendo a melodia do início, tornando-a mais feia, mais sufocante até que dá o climax. Não é um tema fácil de ouvir e é daqueles que acaba por esgotar o ouvinte - uma questão abrangente ao álbum todo.

Quando o primeiro tema, "A Breath In The Shade Of Time" do segundo disco tem um início típico de banda sonora de filme oriental e demora sete minutos até que a distorção chegue, é mais uma prova de que a velocidade das coisas aqui é bem diferente daquelas que se passam na vida real. Mais uma vez uma aposta no ambiente, para depois fazer o contraste e é aqui que a fórmula começa a revelar algum cansaço, sendo que acaba por ser penoso ouvir o tema até ao final, pela sua intensidade claustrofóbica. Não melhora com a chegada do último tema, "Concealed Among The Roots And Soil", mais um épico de dezassete minutos que consegue recuperar alguns dos melhores momentos de interesse do primeiro disco, mas no final chega-se extunando, completamente.

Ouvir este álbum é como correr uma maratona. Se calhar é melhor ter algum treino para não morrer pelo caminho, mas não deixa de ser uma viagem massiva, enorme, que não deve ser tomada a iniciativa de a cumprir de ânimo leve porque corre-se o risco de não se chegar ao final. Este é um álbum que deverá demorar uns bons dias de absorção para que se consiga apreciar devidamente. Não é fácil. Nada fácil.
 
Nota: 7.5/10

Review por Fernando Ferreira