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Entrevista aos Fleshgod Apocalypse



Labyrinth, lançado no passado mês de Agosto pela Nuclear Blast, é o mais recente álbum dos italianos Fleshgod Apocalypse. A Metal Imperium falou com a banda para saber mais acerca deste seu novo registo.


M.I. - Labyrinth é um álbum conceptual que gira em torno do mito do labirinto do minotauro de Knossos. O que vos incentivou a escolher este tema e como é que este está estruturado ao longo do álbum? 

A intenção por detrás de Labyrinth é criar uma metáfora através da busca interminável por nós mesmos. Eu acredito que lidar com o que realmente somos, compreender a complexa rede de pensamentos, sentimentos e desejos contidos dentro de nós é obrigatório na vida. Na minha opinião, é a única forma de nos respeitarmos e encontrarmos serenidade. O mito de Teseu, no fundo, fala sobre isso: ele é um indivíduo que participa num enorme esforço, com o objectivo de descobrir a sua verdadeira identidade, assumindo a responsabilidade de lutar contra os seus medos mais profundos (encarnados no Minotauro) para salvar aqueles que ama…para isso precisa de entrar no labirinto de Knossos, retrato perfeito da complexidade da nossa mente, lugar onde podemos ficar perdidos para sempre. Como todos os outros, Teseu precisa de um bom motivo para vencer esta luta e encontrar a saída: esse motivo é Ariadne. Esta personagem representa a nossa necessidade de sermos ajudados e a importância de reconhecer isso mesmo.  


M.I. - De que forma relacionas o mito do minotauro com a actualidade? 

Tal como referi anteriormente, o Minotauro representa o medo, algo que geralmente subestimamos. Nós estamos acostumados a pensar sobre o medo como algo que se mostra apenas em determinadas situações, uma coisa temporária…mas aqui significa outra coisa. É algo que está vivo em cada um de nós, é um companheiro da nossa alma. Precisamos de aprender a viver com ele, mas também a combatê-lo. 


M.I. - Qual foi o processo de concepção do álbum?

Como de costume, o Francesco Paoli e o Francesco Ferrini trabalharam juntos no processo de composição. Durante a pré-produção (já no estúdio) revemos constantemente alguns elementos da composição e trabalhamos nas letras e nas partes vocais, que são os elementos mais delicados num álbum. Labyrinth demorou cerca de 8 meses de trabalho árduo a concluir, mas estamos extremamente satisfeitos com o resultado. 


M.I. - Apesar de ter colaborado nos últimos dois álbuns, a soprano Veronica Bordacchini partilha pela primeira vez o palco convosco. Como está a ser esta experiência? 

Excelente. Esta escolha diz respeito ao facto de considerarmos muito importante realizar um autêntico espectáculo. Um concerto deve ser algo marcante a nível visual, mas também é importante que seja tocado ao vivo (na medida do possível), com o objectivo de transferir toda a energia para o público. Obviamente, por razões económicas, não podemos trazer uma orquestra e um coro em tour, mas tudo o resto, incluindo o piano, os vocais operáticos, os backing vocals e os vocais limpos do Paolo, são ao vivo. Também acredito que a presença da Verónica, bem como o facto de termos um piano em palco, é algo que enaltece o lado visual do espectáculo. Este facto faz com que se torne muito mais similar a uma ópera do que a um simples concerto de metal. 


M.I. - O designer gráfico Colin Marks fez um óptimo trabalho com o artwork de Labyrinth. Podes falar-nos mais acerca disso? 

Sim. Decidimos trabalhar com o Colin depois da óptima experiência que tivemos em alguns projectos com ele nestes últimos dois anos. Tivemos a sensação que o seu estilo, elegante mas ao mesmo tempo misterioso, era perfeito para Fleshgod. É exactamente por isso que o solicitámos para colaborar neste nosso novo projecto. Estamos muito satisfeitos com o seu trabalho. 


M.I. - Como têm reagido o público e os críticos a este novo projecto?

Muito bem. Tanto os críticos como os fãs. As vendas estão a ir muito bem, até mais do que esperávamos; e também tivemos uma média muito boa de reviews de todo o mundo. Não podia ser melhor!



M.I. - A influência sinfónica encontra-se presente nos últimos álbuns. Quais são as vossas maiores inspirações? 


Na verdade, a nossa música, no geral, sempre foi profundamente influenciada pela música clássica e orquestral. Apesar do álbum Oracles não ter nenhuma orquestra, apenas algumas intros e interlúdios, as progressões harmónicas e melódicas já estavam orientadas para uma vertente clássica. Era só uma questão de tempo até nós percebermos que poderíamos transformar a nossa música em música orquestral. O lado clássico é influenciado, principalmente, por compositores clássicos, pré-românticos e românticos como Paganni, Beethoven, Mozart, Rossini, Brahms, Mahler e muitos outros. Mas também temos elementos que lembram alguma música orquestral moderna, como bandas sonoras de filmes compostas por John Williams, Danny Elfman e Hans Zimmer (só citando alguns). 


M.I. - Se tivessem oportunidade de fazer um concerto juntamente com uma orquestra qual escolheriam, e qual o local? Porquê? 

(risos)… Bem, se eu tivesse que expressar um sonho eu diria que o auge seria tocar com a Wiener Philharmoniker, no Musikverein (onde costumam tocar o concerto de Ano Novo), em Viena. Simplesmente porque Wiener é uma das melhores orquestras do mundo, e eu sempre adorei assistir ao concerto de Ano Novo, sendo talvez um dos mais prestigiados concertos de música clássica. 


M.I. - Quais os vossos projectos para o futuro?

Depois de fazermos alguns festivais na Europa nos próximos meses, enquanto trabalhamos no nosso novo videoclip e preparamos músicas do novo álbum para tocar ao vivo, vamos embarcar numa nova tour com Kataklysm e Krisiun. E estamos a trabalhar para levarmos Fleshgod a muitos outros países onde ainda não tocámos, como o Japão, a Austrália e o México. Mas são apenas ideias gerais, nada oficial…digamos que está ainda “em andamento”!


Entrevista por Patrícia Torres