About Me

Funeral Circle - "Funeral Circle" Review


O Canadá é casa de muita banda de metal extremo, nomeadamente death metal, mas ao que parece, nem só de death metal técnico se vive na América do Norte, e com o álbum de estreia dos Funeral Circle temos a confirmação de que também se faz lá doom metal clássico de qualidade. Antes de entrarmos na análise do álbum propriamente dita, convém referir que a formação que gravou este álbum auto-intitulado, já não é a mesma que compõe a banda. Composto por um trio nesta gravação, a formação actualmente conta com quatro elementos, sendo que Pilgrim (ou Matthew Berzeger) é o único que restou da formação original. Portanto aquilo que se pode ouvir não é o que representa a banda no momento presente.

O doom metal aqui praticado, apesar de ter bastantes pontos em comum com aquilo que se convenciona chamar heavy metal tradicional e com a NWOBHM, na maior parte das vezes foca-se num ritmo próximo do Funeral Doom que acaba por se revalar intrigante. A fórmula é interessante e só não resulta tão bem na prática como aparenta na teoria por causa da produção fraca do álbum. Para já, o volume está bem mais abaixo do que aquilo que seria desejável - a faixa inicial "Scion Of Infinity" é a primeira que leva o torcidela de nariz, principalmente se este álbum for ouvido depois de outro. A queda no volume do som é palpável. Outra questão é mesmo o som das guitarras e baixo, a pouca potência da bateria e a quantidade absurda de eco na voz. Por esta descrição, parece black metal underground mas não, é mesmo doom metal. O único momento em que o som está pefeito é na acústica "Tempus Eda Rerum", e mesmo assim, a voz parece estar demasiado alta em relação a tudo o restante, mas provavelmente, isso já será um preciosismo

A mistura também não é a ideal, sendo que os graves estão muito embrulhados e pouco perceptíveis, o que faz com que este álbum não seja dos melhores para ouvir com o som bem alto - talvez daí a razão da mistura ter o som mais baixo do que seria esperado. Tudo isto perde a razão de ser se as composições forem completamente estonteantes. Quantas vezes não se tem um som brutal, para músicas que não valem nem o esforço de as ouvir, quanto mais o esforço de as gravar? São duas vertentes que quando conjugadas na perfeição resultam em trabalhos excepcionais. Aqui, a falha de uma não é compensada pela a qualidade da outra, ou seja a composição revela realmente momentos muito interessantes, como a já mencionada faixa de abertura, tem faixas contemplativas que conseguem fazer bom uso das melodias (nomeadamente ao nível da voz, como na "Amaranthine (Wandering Dreamer)", que poderia ser bem superior, caso não fosse o raio do eco na voz), mas depois também te outras que se tornam aborrecidas - nove minutos de "Corpus Of Dark Sorcery" acabam por ser algo penosos, não se passando já o mesmo com os doze minutos de "Obelisk" - principalmente por terem sempre algo no seu caminho, que invarialmente é o som que impede que as músicas ganhem a força que merecem.

Fica a expectativa de os ver/ouvir numa gravação com qualidade superior, onde se mantenha a qualidade vintage aqui presente, o ambiente e feeling clássico, mas que seja forte o suficiente para que o interesse do ouvinte se disperse a meio da gravação por questões técnicas, embora verdade seja dita, o doom aqui presente, não é daqueles que agradará logo à partida todos os fãs de heavy metal. Os apreciadores do estilo conseguirão mais facilmente passar por todas estas dificuldades. Esperemos por um segundo álbum que revele todas as potencialidades sónicas da banda canadiana.
 
Nota: 6.5/10

Review por Fernando Ferreira