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Sarkom - "Doomsday Elite" Review


Ao contrário do que se julga, é possível cumprir todos os requesitos para um clichê e mesmo assim ter um trabalho de valor acentuado, que parece com capacidades para desafiar a acção exercida pelo tempo. Particularizando um pouco mais esta afirmação... uma banda de black metal, com corpse paint, que tocam black metal como mandam as regras. Da Noruega. Seria mais um daqueles trabalhos que tipicamente se conclui de que é igual a todos os outros, não traz nada de novo, etc, etc, etc. Os Sarkom, com este seu terceiro álbum - o tal do ou vai ou racha - cumpre todos os requisitos que o black metal norueguês supostamente exige e mesmo assim, conseguem fazer com que ele soe essencial como se estivessemos em 1992.

Não se pode dizer no entanto que seja um trabalho que pertença à categoria trve, não pelo menos na forma. A produção é poderosíssima, a composição é variada com leads e alguns solos bem esgalhados e ao contrário do que os "verdadeiros" dizem, não é algo que retire o ambiente ou a malevolência - não querendo também negar que um primitivismo nas gravações não tenha como consequência ambientes inagualáveis e inimitáveis - mas que conferem ainda mais poder a estas composições. No entanto, nem tudo é previsível. Ainda há tempo para algo mais experimental, como "Cosmic Intellect", com uns leads estranhamente... estranhos, se me perdoam a redundância. No entanto, nem nesses momentos o seu som surge descaracterizado ou perde poder. Pelo contrário. Acaba por ser essa fuga ao óbvio e aos clichês que no inicio se julgava que os prendiam, mais um elemento positivo a juntar a todos os outros e a conferir ainda mais intensidade ao álbum.

No entanto, é quando as coisas são mais simples que resultam em pleno. Peguemos, por exemplo, numa faixa como "Solemn Disorder Till Human Extinction". É impossível ficar indiferente ao poder que esta malha tem, como o lead melódico se entranha na cabeça, uma melodia digna do fim do mundo que a capa de "Doomsday Elite" e que se repete até à exaustão, de forma épica e que mesmo assim se chega à conclusão de que não é suficiente. É este tipo de impacto que o terceiro álbum dos noruegueses tem e sem dúvida que os cinco anos de ausência deram bom frutos, tendo como resultado o álbum mais forte na carreira dos noruegueses e consequentemente, a confirmação do seu poder.

 
Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira