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Entrevista aos Glorior Belli


A Metal Imperium foi falar com a banda francesa de Black Metal, aquando do lançamento do seu quinto álbum de originais, “Gators Rumble, Caos Unfurls”. De uma forma irreverente, como seria de esperar, Billy Bayou, o mentor da banda, fala-nos da evolução da carreira de Glorior Belli nos últimos 10 anos.


M.I. - O novo álbum tem uma influência mais sólida de Southern Rock e de Sludge que  os anteriores. O que mudou desde o inicio da carreira da banda, quando o som era Black Metal mais puro?

Ao longo do percurso de 5 registos de originais, Glorior Belli tornaram-se pioneiros de um novo estilo musical, masterizando a combinação perfeita de Black Metal e de Blues. Isto não foi algo que me tenha surgido assim de repente, como Jesus na véspera de Natal. Eu sempre acreditei que Glorior Belli não ia ficar nas sombras de outras bandas, mas que ia em vez disso tornar-se num farol para todas as almas que se quisessem libertar da influência do Demiurgo. Desde que me lembro que  sempre fui influenciado pelo espírito rebelde que emana do sul profundo e honesto. Para mim isso foi sempre algo que se combinava com a liberdade e revolução. Primitivo, profundo e honesto, é assim que eu percepciono a definição de sulista, e é assim que eu gosto de Blues. Portanto, para todos aqueles que se andam a questionar se é ou não legítimo franceses andarem a cantar acerca do sul profundo do Louisiana, lembrem-se que este estado foi inicialmente administrado pelos franceses. Durante os anos de 1682- 1762 e 1802-1804, este estado estava sob o controlo de França. Basicamente o que eu quero dizer com isto é que sim, temos todo o direito de reclamar este estilo de música, nós já fomos os donos daquilo tudo!


M.I. - Qual é o conceito por detrás de “Gators Rumble, Caos Unfurls”?

O conceito e muitos textos são principalmente inspirados nos princípios que comandam o anti-cosmos/ o caos-gnosticismo, a busca pelo conhecimento absoluto para nos libertarmos das condições escravizadoras da sociedade e da nossa obsessão pelo nosso próprio ego. O objectivo final é superar a vulgaridade e as mentiras que nos foram impostas pelo demiurgo e libertar o nosso espírito. As letras são seriamente belas e vão transportar o ouvinte para um novo nível de consciência. Eu acredito que com este álbum estou a dar uma oportunidade às pessoas para forjarem as armas para a sua libertação, e para encontrarem dentro de si a força para o fazerem.


M.I. - Glorior Belli voltou a mudar de editora, desta vez para a Agonia Records. Qual a necessidade de mudar de editora em cada álbum?

Bem, as merdas acontecem, pois bem, creio que eu não sou propriamente dado a compromissos de longo termo. Obviamente a Agonia Records tem andado a crescer exponencialmente nos últimos anos, com grandes lançamentos e com algumas novas bandas. Mais importante que isso para nós, eles vão lançar o nosso álbum em digipack pela primeira vez na nossa carreira, assim como um belo vinil de 12 polegadas. Tenho muitas esperanças nesta nova colaboração, e se houverem dúvidas acerca disso, fiquem sabendo que esta editora não foi nenhuma segunda escolha. Honestamente creio que de momento não há nenhum lugar melhor para os Glorior Belli estarem.


M.I. - Qual é que achas que vai ser a reacção do público ao novo álbum?

Bem, eu não sou nenhum Nostadamus, mas acho que vai ser o mesmo de sempre. Vai haver quem o adore, quem o deteste, e quem tenha sentimentos mistos para com este.



M.I. - Achas que a base de fãs de Glorior Belli tem vindo a mudar coma  evolução do vosso som de Black Metal mais puro, para esta mistura de Southern Rock com Black Metal?


Bem, creio que sim. Nós não somos a única banda do meio que mudou o seu som, quer tenha sido radicalmente ou apenas em alguns níveis. Mas quando acontece essa mudança é natural que vamos perdendo alguns fãs e ganhando outros novos. Isto faz parte.


M.I. - Quais são as tuas maiores influências para compores?

David Eugene Edwards (16HP/Woven Hand),  Phil Anslemo (Pantera/Down), Immolation, Alice In Chains, Neurosis, Acid Bath, Kyuss, Slash, Dissection, Cursed, The Mars Volta, Unsane… creio que estas são as principais.


M.I. - Algumas das músicas de Glorior Belli têm referências satânicas. Qual é a tua visão acerca do Satanismo?

Bem, primeiro que tudo acho que podias ter dito que nós nunca tentamos ser realmente subtis acerca deste assunto, visto que é algo que aparece de uma forma muito directa nas nossas músicas. Mas a nossa visão é, obviamente, muito mais elaborada e tem evoluído ao longo dos anos. Se Deus existe simultaneamente como uma vivência mútua de 3 figuras conhecidas com pai, filho e espírito santo, então acontece o mesmo com Lúcifer. Ele é o portador da luz, a faísca que instaura a rebelião nos seus seguidores, e de acordo com a ideia convencional, ele é tudo aquilo que é proibido. Ele é o Diabo, Satanás. Por isso, a distinção entre Lúcifer e Satanás é apenas encontrada no papel que este toma. O nosso caminho para a iluminação reside na escuridão, e só podemos encontrar a nossa natureza e a verdadeira natureza das coisas no crepúsculo.


M.I. - Há planos para uma tour após o lançamento do álbum?

Infelizmente ainda é demasiado cedo para dizer. Obviamente que eu adorava defender este novo registo ao vivo, e que vou lutar para que isso aconteça.


M.I. - Qual é a tua visão de tudo aquilo que a banda alcançou nos últimos 10 anos?

Muito sacrifício, muitas experiências maravilhosas de crescimento e amadurecimento, bons e maus momentos. Glorior Belli significa literalmente “provares-te a ti mesmo através de desafios” e é exactamente isso que define tudo aquilo em que a banda se tornou.


Entrevista por Rita Limede