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Zakk Wylde diz que Black Sabbath com o Ronnie James Dio, "não é Black Sabbath"


Zakk Wylde, guitarrista dos Black Label Society e Ozzy Osbourne, concedeu recentemente uma entrevista à Songfacts, onde falou da forma como os diferentes alinhamentos das bandas podem influenciar o processo de composição das músicas. Aqui fica um excerto dessa entrevista:

Songfacts: "Sempre imaginei o que teria feito aquele alinhamento original do"Blizzard Of Ozz", se tivesse continuado junto." 

Zakk Wylde: "Acho que aquele alinhamento original era fenomenal. Nem podes contestar isso. Basta ouvires os discos. São álbuns intemporais e clássicos. Verdade seja dita, aquele alinhamento era brutal. Quando estavam a gravar o disco, não o sabiam. Randy Rhoads não conhecia nenhum dos rapazes. Randy nunca tinha conhecido o Bob Daisley ou o Lee Kerslake. Vejamos, se eu e tu pegássemos em quatro estranhos, que depois acabassem por gravar dois discos fantásticos — quais eram as probabilidades disso acontecer?"

Songfacts: "E sempre imaginei o que teria feito, no estúdio de gravações, o segundo alinhamento com o Ozzy, o Randy, e também o Rudy Sarzo e o Tommy Aldridge."

Zakk Wylde: "Acho que seria uma coisa completamente diferente. Como é que não poderia ser? Vou dar o exemplo dos Patriots — o Ozzy e o Randy seriam o Bill Belichick e o Tom Brady, mas agora serão necessários recebedores diferentes, corredores diferentes, defesas diferentes.  É óbvio que não precisamos de nos preocupar com o Capitão América e o Pai Belichick, uma vez que sabemos o que é que eles vão entregar. Mas o resto da equipa, sem o Wes Welker, vamos ver o que acontece agora. Não restam dúvidas que, mesmo quando toco com os Black Label, quando toco com pessoas diferentes, todos trazem sempre a sua magia, o seu próprio ingrediente. Ouves Black Sabbath com o Ronnie James Dio, e aquilo não é Black Sabbath. Deveriam apenas chamar-se, desde o princípio, Heaven & Hell. Porque ouves aquele álbum "Heaven and Hell", e aquilo não soa a nada parecido com os Black Sabbath. Quero dizer, aquilo soa tanto a Black Sabbath, como o "Blizzard Of Ozz" soa a Black Sabbath. Se me tocasses Black Sabbath  — e eu sou um fanático dos Sabbath — e se tivesses por lá o Pai Dio, diria "Fixe. Que banda é esta? Isto é bom." Quero dizer, as músicas nem sequer soam a Black Sabbath. "Neon Knights", imaginas o Ozzy a dar voz a esta música?"

Songfacts: "Não, não imagino."

Zakk Wylde: "Nem eu. É estranho. É uma banda completamente diferente. Mas, como disseste, há dinâmicas diferentes ao convidar pessoas diferentes, especialmente se se trata de uma equipa que compõe letras. No caso dos Nine Inch Nails, tudo gira à volta do Trent Reznor. Então, quando tens um álbum novo dos Nine Inch Nails, isso depende de que lado da cama é que o Trent acordou, do que é que andou a comer, e do que é que tem andado a fazer. Porque ele prepara a refeição completa. Não é como uma equipa que compõe letras, onde toda a gente dá ideias: tu trouxeste o pré-refrão, eu tenho o acorde principal, o Mike trouxe aquela secção do meio logo antes do solo de guitarra, e depois o Joey trouxe a secção final. Estamos a falar de uma dinâmica de banda. Mas se é algo dos Nine Inch Nails, tudo tem a marca do Trent. Ele é o Salvador Dali do projecto. E já que falamos em compositores, quando pegas no Paul McCartney para tocar com os Wings, é uma coisa completamente diferente. A sua forma de compor tem sido muito boa. "Maybe I´m Amazed" e tudo o que seja parecido a isso, pode equiparar-se a todo o material dos Beatles que ele escreveu."

Por: Bruno Porta Nova - 13 Janeiro 14