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Nasheim - "Solens Vemod" Review


O que é bom para quem anda nisto da música há já uns anos sabe que por cada proposta manhosa, surge uma outra, inserida no mesmo género mas com uma qualidade totalmente superior. Este "Solens Vemod" é o álbum de estreia do projecto - mais uma one-man-band, desta vez da Suécia - Nasheim e o seu propósito é espalhar o seu black metal épico por esse underground fora, se bem que com esta qualidade, dificilmente ficarão confinados a esse estatuto redutor. Comparando com outra proposta analisada por nós recentemente, o álbum de estreia dos Gandreid, da mesma editora, a Northern Silence Productions, é fácil ter uma noção do que é underground e daquilo que tem qualidade para ultrapassar essa fronteira.

Composto por quatro longas músicas - a mais pequena tem nove minutos e meio - este álbum é viciante do início ao fim. "En Nyckel Till Drömmars Grind" inicia o trabalho de forma esmagadora, com um tema que conjuga na perfeição o peso e melodias que falam directamente com o ouvinte, tendo o impacto que uma banda sonora tem nos momentos de maior intensidade de um qualquer filme. Aqui isto acontece apenas com a música, sendo que as imagens acabam por aparecer de forma grátis na cabeça. "Jag Fyller Min Bägare Med Tomhet" tem um início mais tradicional, mais agressivo mas conforme se desenrola, vai buscar uma melodia melancólica que, mais uma vez, se cola ao ouvinte impiedosamente. A mais agressiva é mesmo "Att Av Ödets Tradar Väva Sorg", que apesar disso, não se livra de ter um lead de guitarra bem catchy no seu final. O álbum acaba com "Vördnad", um tema mais compassado, quase instrumental e que até funciona como "outro" do álbum (uma "outro" com quase dez minutos).

Nem sempre se concorda com os press releases, muitas das vezes não tendo bem o equilíbrio entre aquilo que é verdadeiro e aquilo que se desejaria ser verdadeiro para que o produto que se está a publicitar seja mais atractivo, mas aqui tem que se concordar com a versão do próprio artista, Erik Grahn, que diz que este álbum representa o fim de uma era e o início de outra. O fim da era de ser um projecto de demos, a lutar constantemente com (ou contra) a técnica e identidade, passando para um projecto consistente em termos de música e conceito e isso é notório ao longo destes quase cinquenta minutos, sem dúvida. Uma grande estreia para este novo ano, oficialmente lançado no próximo mês.
 

Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira