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Pensées Nocturnes - "Nom D’Une Pipe!" Review


O black metal é bem capaz de ser o género dentro deste universo no qual mais proliferam projectos a solo. Pensées Nocturnes é o projecto musical individual do francês Vaerohn que já data de 2008 e já tem no seu catálogo quatro discos, sendo este o mais recente.

Como também já se percebeu, isto é black metal francês, o qual não necessita de (mais) uma introdução para se chegar à conclusão de que “Nom D’Une Pipe!” não é o convencional álbum de black metal. De forma alguma.

O que Vaerohn faz neste registo sob o nome de Pensées Nocturnes é uma grande mistura de sonoridades neoclássicas com as negras texturas de um black metal depressivo como pano de fundo. No que diz respeito à parte neoclássica, uma parte dos sons que aqui se fazem ouvir são partes de temas que já existem desde a primeira metade do século XX mas com algumas alterações como a adição de teclados, instrumentos de cordas ou alguma distorção sonora; um dos temas que melhor exemplifica isso é “Bonne Biére Et Bonne Chère”. Existe também uma forte incorporação de elementos da música tradicional francesa - “Le Marionnetiste” é onde a cultura musical francesa tem uma presença mais vincada, assim como é também dos temas mais sólidos e cativantes do álbum; um pouco de Jazz espalhado por temas como “L’Androgynie” ou “Le Choeur Des Valseurs” e também música tradicional espanhola, esta última costuma figurar somente nos instrumentais.

Misturando um rodopiante e áspero black metal em mid-tempo que traz consigo vocais que são ora angustiantes, ora intencionalmente feios com tudo isto então ficamos com uma caótica amálgama sonora. Mas é mesmo essa a intenção de Vaerohn com “Nom D’Une Pipe!”: criar um grotesco circo sonoro. À primeira audição poderá ser um tanto estranho, senão até bizarro, mas volta a chamar o ouvinte a dar uma nova audição (tendo em conta que o ouvinte não sinta uma repulsa imediata mal oiça os primeiros 15 minutos do álbum), e acaba por se tornar um espectáculo muito interessante de se descortinar minuto por minuto, onde músicas como “Le Berger”, a já referida “L’Androgynie” ou a fria beleza de “La Chimère” brilham.

Sem dúvida, o pior presente de Natal para se dar a um purista do black metal. Mas uma jóia escondida para os bons apreciadores de sonoridades alternativas.

Nota: 8.4/10

Review por Tiago Neves