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Thalion - "Dawn Of Chaos" Review



Em termos gráficos, a pior coisa que ficou do final dos anos noventa e do início do novo milénio foram as bandas que surgiram com logos feitos no computador, em 3D, com uma qualidade que até o Tetris sentia alguma vergonha. A aversão é tal que qualquer artista ou simplesmente fã das artes gráficas dos álbuns de metal sente um desconforto nauseante. Felizmente é uma praga que teve curta duração de vida mas de vez em quando ainda surge para atormentar o incauto fã, tal como o Murdock, eterno arqui-inimigo do MacGyver que conseguia sempre voltar apesar da aparente morte definitiva. Isto tudo para dizer que ao ver a capa, a vontade de ouvir um álbum é pouca.

Com coragem e determinação, carrega-se no play e a produção algo embaciada revela-se logo sem pudor, algo que pode enervar o tipo de fã de power metal que parece ser o destino alvo do trabalho destes Canadianos. Pelo menos é o que dá ideia da entrada com "Another Day", com um feeling muito próximo dos momentos aúreos do género quinze anos atrás. A voz de Stéphane Brindle encaixa-se perfeitamente no perfil, não chegando a irritar muito nos agudos - embora existam os mais sensíveis a este tipo de registo. O que fica logo claro também é o trabalho de guitarra solo (não tendo a informação se está a cargo de Sam Dufour ou de Charles Vo-Ho, ambos guitarristas), que nalguns casos salva mesmo a música como no tema título e "Lord Of Metal" - noutros não consegue salvar, mas são memoráveis, com o da "To Hell And Back".

Sendo o álbum de estreia, é natural que existam muitas coisas a apontar, que exista aquela inocência ou ingenuidade, que nalguns poucos casos pode ser sinónimo de genialidade, noutros são pontos que precisam de ser melhorados com mais experiência de palco e rodagem... no fundo, mais maturidade. Apesar de ser um trabalho interessante dentro do género, não há aqui nada de verdadeiramente empolgante além do já citado trabalho de guitarra solo (a guitarra ritmo em certas músicas tem uns pormenores modernos que não ficam bem neste género, nem nesta produção. Os fãs de Euro power metal ficarão curiosos e até poderão gostar, mas é difícil que a reacção seja mais entusiasta que isto. Talvez com um segundo álbum e desenvolvimento, as coisas mudem, principalmente se não incluírem uma espécie de balada cantada em francês, carregada de azeite, como a "Je Me Souviens".


Nota: 6/10

Review por Fernando Ferreira