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Entrevista aos In Solitude


Apesar da sua juventude, os In Solitude já deram provas da sua qualidade, aquando do lançamento de “Sister”, o ano passado. A Metal Imperium esteve à conversa com Gottfrid Ahman, um dos fundadores da banda, acerca das suas origens, influências musicais e a sua evolução e percurso.


M.I. - Porquê o nome In Solitude?

Honestamente já não me lembro bem o porquê de termos escolhido este nome, já foi há muito tempo. Mas eventualmente, tanto nós como a nossa música acabamos por evoluir bastante, e o nome que escolhemos faz todo o sentido agora, pois combina bem com a música que andamos a fazer.


M.I. - Como foi crescer em Uppsala (Suécia)? Isso teve alguma influência na vossa música?

Sim. É uma cidade relativamente pequena, e tipicamente sueca. Não acontecem muitas coisas interessantes por lá, mas tem a sua maneira, tem bastante personalidade. É um bom sitio para se crescer, e até mesmo para se viver, e para tocar música. Não há muita coisa com que nos possamos distrair, por isso, é facil focarmo-nos apenas nisso.


M.I. - É um local tranquilo portanto...

Sim, bastante. E como infelizmente não há assim tantos concertos quanto isso, tudo o que podemos fazer é estar com os amigos a ouvir e a tocar música.


M.I - Qual foi a vossa motivação para terem começado uma banda, e a terem levado a sério, quando ainda tinham uma idade muito jovem (12/13 anos)?

Eu e o Niklas (guitarrista) começamos a tocar juntos quando tinhamos apenas 12 anos. Depois, um ano mais tarde o meu irmão, Pelle (vocalista), juntou-se a nós. Na altura éramos um bando de miúdos, que achavam que era divertido juntarem-se durante umas horas a tocar. Quando começamos, tocávamos maioritariamente covers de bandas como Iron Maiden, Sabaton, AC/DC e assim... e depois, com o tempo, fomos começando a compor as nossas próprias músicas, e isto evoluiu de uma forma diferente. Muito do que é esta banda é baseado no nosso crescimento pessoal, a banda foi crescendo e evoluindo connosco nos últimos 12 anos.


M.I. - O vosso mais recente álbum, “Sister”, teve reviews muito boas e acabou por vos colocar no mapa. Estavam à espera que isso fosse acontecer?

Eu não esperava que isso fosse acontecer, pelo menos não tanto como aconteceu. No entanto, não deixei que nada disso me subisse à cabeça, pois quando nos prendemos àquilo que as pessoas andaram a escrever e a dizer sobre nós pode ser um pouco perigoso para o nosso ego. Eu, pessoalmente, acho que é um bom álbum, que fizemos um bom trabalho, e estava à espera de um feedback positivo, mas não tanto como aquele que tivemos. Eu não me preocupei muito com isso na altura mas, de certa forma, até foi bom, penso eu...


M.I. - O vosso grande sucesso aconteceu numa idade em que a maioria das bandas ainda estão a dar os primeiros passos. Qual é a sensação?

Bem... esta banda tem sido a minha razão de viver durante metade da minha vida, por isso toda a minha vivência tem sido relacionada com esta banda. Eu, pessoalmente, não acredito que já tenhamos atingido o pico do nosso sucesso, pelo menos não aquele que nos deixa capazes de viver apenas da nossa música... apesar de tudo o que temos criado não ser de forma alguma sobre isso.


M.I. - Como funciona o vosso processo criativo? Mudou muito desde que começaram?

Sim mudou e está, constantemente, a mudar. É muito diferente em comparação ao começo, à medida que nós fomos crescendo, também a banda o fez e, como tal, tudo agora está diferente. Cada música que fazemos, tem um processo de composição diferente. Por vezes estamos a ensaiar e lembramo-nos de começar a tocar algo novo do nada, outras alturas fazemos jam sessions para ver o que nos ocorre. Também acontece eu, ou outro membro da banda, chegarmos aos ensaios com material novo. Por vezes, junto-me com o Henrik (guitarrista), e começamos a tocar algo e a trocar ideias. Quase todas as músicas tiveram um processo de composição diferente. Esta pergunta era mesmo dificil!


M.I. - Como é que foi andar em tour pelos EUA com Watain e Behemoth?

Tocar com Watain é fantástico. Eles são como irmãos para nós, são uns grandes amigos. Eu não consigo imaginar nada melhor, ou ter melhor companhia do que eles em tournée. Foi excelente, tivemos momentos completamente mágicos durante essa tour.


M.I. - De todos os locais onde andaram em tour quais foram os que mais gostaram? Em que países estão mais entusiasmados para tocar no futuro?

Eu gostei realmente de tocar nos EUA, é bastante diferente da Suécia e do resto da Europa em geral. Dar lá concertos é bastante bom e interessante, assim como grafiticante. Se formos a ver, não tocamos assim muito no resto da Europa, por isso creio que é dos sitios onde quero começar a dar mais concertos. Todos os que demos na Holanda foram excelentes, assim como aqueles que demos em Espanha. Creio que um dos nossos melhores concertos de sempre foi em Madrid, Espanha, há coisa de 2 ou 3 anos, em que a qualidade do som na sala foi das melhores que me recordo.


M.I. - Têm dificuldades em conciliar as vossas actividades diárias como o vosso emprego ou os estudos com o trabalho com a banda?

Bem, eu não tenho problemas com isso. Eu actualmente não tenho emprego, e não ando a estudar, por isso a minha música é tudo o que eu faço. Não tenho mais nada que fazer o dia inteiro sem ser ouvir música e tocar, o que é excelente.


M.I. - Como é que descreverias o estilo de música que os In Solitude tocam para quem ainda não conhece a banda?

Não descreveria (risos)! Creio que isso seja desnecessário, pois deixa as pessoas com certas expectativas relativamente àquilo que vão ouvir, o que pode fazer com que a sua opinião sobre a nossa música se altere. Prefiro que as pessoas vão ouvir a minha música de mente aberta e sem saberem bem o que hão-de esperar.


M.I. - As vossas letras estão muito ligadas com o oculto e o satanismo. Estes temas são de extrema importância nas vossas vidas, ou foi algo na onda de “Vamos escrever sobre isto só para chocar as pessoas”?

Obviamente que é algo com que nos importamos! Caso contrário não seria um tema tão recorrente nas nossas músicas. Não tem nada a ver com teatralidades ou tentativas de chocar alguém, isto são temas que levamos bastante a sério, e que fazem parte das nossas vidas.


M.I. - Vocês foram comparados aos Mercyful Fate várias vezes. O que pensas acerca desta comparação?

Bem... pessoalmente, não sei se concordo mas, de certa forma, sinto-me honrado com esta comparação. É uma das bandas que mais admiro e uma das minhas grandes influências musicais. No entanto, de certa forma, até acho esta comparação bastante natural, se bem que penso que ainda estamos longe dessa grandeza e patamar na nossa carreira.


M.I. - Quais é que são as vossas principais influências musicais quando estão a compor para In Solitude?

Qualquer coisa que andemos a ouvir nesse momento. Nós não escolhemos propriamente soar como uma banda qualquer em específico. Nós escrevemos a nossa música baseando-nos em tudo aquilo que vamos ouvindo num determinado momento. Tu para conseguires compor tens que ouvir muita música e, ao fazê-lo, ficas automaticamente influenciado por tudo aquilo de que vais gostando mais de ouvir num determinado momento. Por isso, as nossas influências nunca são as mesmas, vão mudando consoante aquilo que nos apetece ouvir naquele dia. Ultimamente, tenho andado a ouvir muito Bob Dylan, em especial os dois primeiros álbuns, por isso posso dizer que tudo aquilo que for compor nos próximos tempos vai ser influenciado por isso.


M.I. - Vocês vão tocar neste próximo sábado em Portugal no SWR Barroselas Metalfest. O que podemos esperar desse concerto?

Não tenho a certeza, talvez muita energia. Níveis elevados de energia em palco, geralmente é assim que os nossos concertos costumam ser. Há sempre muita intensidade e energia à solta em palco, o que acaba por se transferir para o público. No entanto, isso pode não acontecer, nunca tocámos lá, por isso, pode acabar por ser algo inteiramente diferente...


M.I. - Se eu te encontrar por lá depois do teu concerto, pagas-me uma cerveja (risos)?

(Risos) Não sei, estou muito falido. Eu por vezes nem a mim mesmo sou capaz de pagar cerveja, mas veremos, pode ser que tenhas sorte (risos).


M.I. - (Risos) Eu compreendo-te, não és o único nessa situação, deixa estar. Passemos agora à ultima pergunta. Quais são os planos para o futuro mais próximo?

Estamos a tentar acertar os detalhes, se tudo correr bem iremos anunciar uma nova tour nas próximas semanas. Fora isso, não sei bem, ainda não temos planos assim muito definidos.


M.I. - Obrigado pela disponibilidade.

Obrigado eu, até ao nosso concerto!


Entrevista por Rita Limede