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Reportagem: FM @ RCA Club, Lisboa 04-05-2014


Os anos oitenta são definitivamente imortais. Poderá até ser um período em que muitas (se não todas) das bandas de rock dos anos setenta se estragaram pelo contágio pop, mas também foi uma década em que surgiram muitas boas bandas de rock, entre elas os FM, cuja música se mantém com a mesma vitalidade que tinha no momento em que foi lançada. Sendo um concerto a um domingo e uma banda de rock melódico dos anos oitenta, os mais cépticos poderiam esperar que o atendimento foi desolador. Pelo contrário, o RCA esteve muito bem composto com um público cheio de entusiasmo para receber esta visita do grupo britânico ao nosso país, que cada vez mais está no circuito, felizmente, dos melhores espectáculos de música mundiais.


Foi exactamente isso que o público do RCA pôde presenciar, um espectáculo irreprensível por parte de uma banda que está a viver uma segunda vida (começada em 2007, a primeira foi de 1984 a 1995) cheia de energia, uma segunda oportunidade que muitas bandas não têm hipótese de viver e que o seu público não tem a sorte de presenciar. Começando da melhor forma com o tema de abertura do álbum "Rockville", "Tough Love", os britânicos puderam logo presenciar da melhor forma o entusiasmo do público português, que, para ser sincero, também teve a tarefa facilitada, já que o tema em questão é um rockão com tanto de energético como de clássico.



Não demorou muito para que a banda mergulhasse fundo no seu arquivo de clássicos com "I Belong To The Night" (tão anos oitenta que se fecharmos os olhos, sente-se o cheiro da laca no ar), "Face To Face" e "Don't Stop". O lado bom dos FM é que até mesmo nas baladas típicas existem pontos de interesse, como é o caso da "Closer To Heaven", do álbum "Aphrodisiac". A boa onda contagiou todos e tanto os temas mais clássicos como os mais recentes e poderosos, tendo temas como "That Girl" (mais um completamente anos oitenta, que por acaso foi co-escrita por Adrian Smith e Andy Barnett para um projecto, numa altura que Barnett fazia parte da banda antes do lançamento do primeiro álbum onde a música foi incluída. Uma outra versão da música foi feita pelos Iron Maiden como lado B do single "Stranger In A strange Land" no mesmo ano) e "Bad Luck" ao lado de malhões como "Wildside" e "Cold Hearted".


Um set que encantou todos os presentes e fez esquecer que o tempo existia por cerca de 2 horas, que obrigou a banda a dois encores, deixando para o final temas como "Frozen Heart", "Let Love Be The Leader", "Other Side Of Midnight" (onde se teve oportunidade de ver Jem Davis com um teclado portátil, a rockar ao lado de Steve Overland, Merv Goldsworthy e Jim Kirkpatrick) e a cover "I Heard It Through The Gravepine", sendo que o segundo tema atrás citado foi um dos mais bem recebidos e cujo cântico serviu para o público brindar a banda na despedida, completamente rendida, agradecendo a forma como tornaram este final de tour tão memorável e é isso mesmo que foi, um espectáculo memorável para todos os que foram afortunados por o presenciar. O rock está vivo!
Texto por Fernando Ferreira
Fotografia por Joana Soares
Agradecimentos: Clap/Box