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Entrevista aos Autopsy



Os Autopsy são uma daquelas bandas que não precisa de apresentações. Com o novo álbum “Tourniquets, Hacksaws & Graves” acabado de lançar, estes americanos voltaram a provar porque ainda são uma banda que se mantém no ativo. Chris Reifert, baterista e vocalista da banda, esteve à conversa com a Metal Imperium.



M.I. – O Chris durante 16 anos insistiu que os Autopsy nunca voltariam. O que mudou? Mudaram de ideias por causa da reacção do público à actuação que fizeram  no Maryland DeathFest?

Aceitamos participar no MDF antes de sabermos que as coisas se tornariam tão trabalhosas. Mas trocamos ideias com eles e os portões parecem ter-se aberto no que respeita a concertos e a novo material. Foi louca a rapidez com que tudo aconteceu. Para além de nos reservarmos o direito de mudar de ideias a qualquer hora e momento! (Risos)


M.I. – Muitas bandas de Death Metal têm-vos como referência… como te sentes por ser um modelo a seguir? Tal tem algum tipo de impacto/influência no modo como enfrentas a tua vida e as tuas escolhas?

Só tenho que agradecer a quem nos aprecia pois é muito porreiro saber isso, evidentemente. No entanto, lidamos com a nossa música e a nossa vida do modo que queremos independentemente do pessoal nos apreciar ou odiar. Claro que é melhor quando o pessoal nos aprecia mas seguimos os nossos próprios caminhos.


M.I. – Desde que se reuniram, os Autopsy têm lançado álbuns e Eps/singles todos os anos… de onde vem tanta criatividade e desejo de tocar música?

Talvez nos esteja no sangue… não tenho nenhuma explicação racional! (Risos)



M.I. – Só passou um ano desde que “Headless Ritual” foi lançado e já tendes novo álbum… estais a tentar bater algum recorde do Guiness?


Não, mas uma caneca de Guiness caía mesmo bem agora!


M.I. – O novo álbum “Tourniquets, Hacksaws & Graves” tem um título muito directo. Qual o conceito dele?

As letras são completamente diferentes da capa. O Wes teve a ideia para a capa com a intenção de não criar algo típico, como um gajo de avental a segurar uma motoserra, tal como em “Severed Survival”. Nenhuma das capas está relacionada com o tema título do álbum mas a arte é chocante e imponente e é o que se pretende. Quanto às letras do álbum, são muito gore, devo dizer.


M.I. – Como correu a composição e gravação do álbum comparando com os álbuns anteriores?

Como de costume. Temos uma maneira de trabalhar que resulta para nós.



M.I. – Muitos fãs acreditam ser impossível superar “Severed Ritual”… acreditas que tal é mesmo impossível ou os fãs estão presos ao passado?


Nunca ouvi falar de “Severed Ritual”! (Risos) (Nota: a entrevistadora enganou-se no título do álbum, deveria ser “Severed Survival”). Assim sendo, é impossível superar algo que não existe ou até seja mais fácil fazê-lo por isso mesmo! De qualquer maneira, não nos preocupamos com essas coisas. Tentamos fazer o nosso melhor de todas as vezes e o objectivo é esse mesmo!


M.I. – O Chris Reifert é um dos poucos, se não mesmo o único, baterista/vocalista… é muito difícil manobrar os sticks e conseguir que a voz e a respiração saiam perfeitas? Como é ser o “frontman” por trás da bateria?

Há alguns mais por aí mas não muitos. É um trabalho complicado mas já estou habituado. Quanto ao facto de estar por trás da bateria, estou bem porque o Eric, o Danny e o Joe animam o palco lá à frente. Eles têm muita energia e resulta para nós, portanto não temos preocupações nesse departamento.


M.I. – Com o avançar da idade não te começas a cansar das cenas mais brutais, gore, sangrentas e afins? É uma forma de libertar as tuas frustrações?

Tal ainda não aconteceu mas temos gostado deste tipo de coisas desde miúdos. Este tipo de música permite-nos expelir muita agressão através dela, seja enquanto a tocamos ou a ouvimos. É uma grande libertação para não ficarmos loucos!


M.I. – Qual o teu maior arrependimento como músico? E o maior feito?

Não tenho arrependimentos. O maior feito? Sempre que toco num álbum que me toca pessoalmente, ou seja, em todos eles, sinto que sou capaz de tudo. Acho que todos os músicos se deveriam sentir assim. A satisfação que sentimos é poderosa mesmo que mais ninguém seja capaz de a compreender.


M.I. – Contribuiste com uma receita “Mummified Jalapeño Bacon Bombs” para o livro” Hellbent for Cooking: The Heavy Metal Cookbook” de Annick Giroux. É algo inesperado…  serias chef se não fosses músico?

Não, mas até cozinho bem. (Risos)


M.I. – Como surgiu a ideia da E-Comix fazer uma versão oficialmanente autorizada do livro dos Autopsy? És fã de banda desenhada?

O Vince Brusio, responsável da E-Comix, veio ter connosco com essa ideia e soou-nos muito bem. Somos fãs de banda desenhada há muitos anos, portanto ficamos muito felizes. Adoro a versão final!


M.I. – Uma relação longa não é nada habitual na sociedade de hoje… como é que os Autopsy e a Peaceville ainda se conseguem aturar após tantos anos?

Pois, é engraçado mesmo. Assinámos com eles em 1988, o que já é muito tempo. Quando nos juntámos, estávamos ambos a dar os primeiros passos e tem sido giro crescermos juntos. Eles fazem tudo o que podem para nos ajudar e nós retribuímos na mesma moeda… é tão simples quanto isso.


M.I. – Achas que a internet tem sido responsável pela perda de intensidade, sinceridade e essência do underground?

Nem por isso. A internet faz com que toda a comunicação aconteça mais depressa.  Mas o underground será sempre underground independentemente das circunstâncias. Desde que haja pessoal interessado em música deste género, o underground continuará a existir.



M.I. – Qual a tua opinião sobre a cena de hoje comparada com a cena quando os Autopsy começaram?


Maior do que nunca mas ainda cheia de malucos como nós. Acho que é uma cena porreira, mas tal depende das pessoas  a quem perguntas! (Risos)


M.I. – Nomeia um filme que consideres fundamental para os fans de gore e justifica a tua escolha.

Qualquer filme do Romero da série “Dead”. Nunca desiludem!


M.I. – Os Autopsy têm muitos fãs na Europa mas tocais praticamente sempre nos EUA. Porque não vindes para a Europa mais vezes?

Já fomos aí algumas vezes mas não podemos ir a todo lado… fazemos o que podemos. Temos famílias que precisam de nós e as tournées exigem muita preparação e tal é mais complicado do que parece ser. Estejam atentos para nos irem ver quando tocarmos na vossa zona e garanto que não ireis ficar aborrecidos.


M.I. – Quais são os planos para promover o álbum?

Para já é falar com fãs como tu! Depois teremos de ver. Fiquem bem!


Entrevista por Sónia Fonseca