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Reportagem: Tarantula, Ibéria e Alkateya @ RCA Club, Lisboa - 31/05/2014


Foi com uma assistência surpreendentemente boa que o RCA Club, em Lisboa, recebeu a segunda edição do Lusitania Old School, composto por três dos grandes nomes do Heavy e Hard Rock nacional, como são Alkateya, Tarantula e Ibéria, e um “cheirinho” de Sepulcro duas décadas depois. A sugestão era liderada pela Notredame Productions e cerca de 200 pessoas deslocaram-se à sala de Alvalade para celebrar o bom estado de saúde da nossa música e, especialmente, do lado mais tradicional do Heavy Metal. 

Por volta da hora anunciada, os Alkateya subiram ao palco para nos oferecerem um concerto tremendo, como aliás é apanágio da banda. Com todos os membros a revelarem toda a sua qualidade e visível devoção ao som de todos nós, é impossível deixar de destacar, especialmente, João Pinto na voz e Pedro Mendes no baixo. O segundo é um espectáculo dentro dele mesmo, com toda a sua expressividade; na voz, o tom épico numa homenagem ao aço. Quando «Face To Face (We Are One!)» fez aproximar a actuação do seu final, com as vozes do público a ouvirem-se bem alto no refrão, já «Star Riders» e «Rock On, Roll Out» haviam cravado bem as suas garras nesta noite, com as guitarras a espirrarem faíscas (salvo seja, bem entendido) e a electricidade a chegar a cada um dos vasos sanguineas ali presentes. Os alkateya nunca falham! Saltámos imediatamente para o mini concerto dos Sepulcro, banda formada em 1982 com elementos de Alkateya e Miguel Pinto (irmão do João) na voz. Muitos anos depois, voltaram a subir a um palco, apenas por 10 minutos, é certo, mas com a nostalgia estampada nos rostos de quem gosta realmente de libertar rock n’ roll “que amanhã é outro dia”.  Mereceram os aplausos!

Então sim, uma pausa para refrescar e falar sobre o que ali se passava. O ambiente era bom, mas os Tarantula não tardaram a reivindicar a sua oportunidade, e menos demoraram a agarrar o público sedento de guitarradas musculadas e refrões melódicos. Passando por temas mais actuais e lembrando que um novo álbum está na calha, o colectivo dos irmãos Barros (bateria e guitarra), Jorge Marques (voz) e José Aguiar (baixo), visitou toda a sua discografia, percorrendo os cerca de 30 anos que já levam de actividade, e sempre muito bem acompanhados pelas vozes que entoaram com convicção os refrões de “Dream Maker”, “Face de Mirror” ou ainda “End of the Rainbow”. Qualidade sonora a toda a prova, a qualidade dos músicos é inquestionável (Paulo Barros na guitarra é alguém do outro mundo), e mais um óptimo concerto na noite do ramo siderurgico. Uma pequena surpresa ocorreu, então, quando os membros de todas as bandas destacadas se juntaram para uma pequena homenagem a Deep Purple, mas acima de tudo à fase embrionária do Heavy Metal, tocando “Smoke on the Water”. 

O evento aproximava-se do fim, mas ainda não havia desistências. Faltava que os Ibéria colocassem a cereja no topo do bolo, e foi mesmo o que aconteceu. A referência nacional do Hard Rock, após alterações na sua formação (mantendo ainda assim membros originais), tem andado por aí a debitar verdadeiros hinos do género como “Fuck the Teacher Now”, “Warriors” e “Lady in Black”, além da incontornável e maior exito “Hollywood” com que normalmente encerram os seus concertos. No RCA não foi diferente, e apresentaram ainda “Living a Lie”, um tema novo de um futuro registo. Ao concerto competente aliou-se uma simbiose muito simpática com a plateia que lá foi participando com entusiasmo e saudade de outros tempos. Se a noitada, até aqui, havia valido a pena, terminou com o sentimento de que o melhor que aquelas 200 pessoas fizeram, foi não ficar em casa. Os nossos parabéns às bandas por terem deixado bem acesa a chama do Heavy Metal e à organização por acreditar que os riscos são justificados. Que o Lusitania Old School regresse!

Texto por Carlos Fonte
Agradecimentos: Notredame Productions