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Lazer/Wulf - "The Beast Of Left And Right" Review


O mundo já viu muita coisa estranha e o mundo da música extrema já ouviu muita coisa estranha. Vá, vamos generalizar, nem é preciso ser música extrema, vamos chamar-lhe música – embora hoje em dia, quer se goste ou não, tem que se admitir que a música mais desafiante, mais avant garde aparece no seio da chamada música extrema. Lazer/Wulf não reserva a sua estranheza para o nome, nem para as fotos promocionais onde o trio aparece amordaçado com fita-cola ou algo parecido. A imagem é secundária e o que conta é a música e aqui ela não é estranha por ser estranha. Ela é… como tudo o que tem uma certa finesse… peculiar.

A música tem o espírito frenético e rítmico de coisas como mathcore (rótulo parvo, mas que serve o seu propósito aqui), thrash metal, jazz, metal/rock progressivo, é praticamente instrumental, lembrando nomes tão díspares como Atheist, The Dillinger Escape Plan, John Zorn, Rush e mesmo assim, a parte genial da coisa, tendo uma identidade estabelecida tão própria que quem ouvir “The Beast Of Left And Right”, vai reconhecê-los (isto partindo do principio que já os conhece) ou então vai ficar de boca aberta e perguntar “o que raio foi isto que estamos a ouvir?” (partindo do princípio que ainda não os conhece). É impossível destacar uma música propriamente dita deste trabalho porque o mesmo funciona como um todo, ainda para mais com o conceito revolucionário que tem.

Esse conceito é… “The Beast Of Left And Right” funciona como um palíndromo, ou seja, algo que tem a propriedade de se ler de trás para a frente. Segundo o press release da banda, o álbum dividido em duas metades, esquerda e direita. Por exemplo, a primeira música do álbum, “Choose Again”, tem os mesmos acordes, riffs e batida de bateria que a última faixa, “Mutual End”, sendo que uma é em escala maior e outra é menor – embora este pormenor desafie o conceito de palíndromo já que o que se lê da direita para a esquerda e da esquerda para a direita não é exactamente a mesma coisa. De qualquer forma, a ideia da banda é que independentemente da esquerda ou da direita, os caminhos são os mesmos assim como o resultado.

Profundo, não é?

Um excelente e entusiasmante conceito que não serve de nada se a música em si for descartável e a música é tudo menos descartável. Se o conceito é entusiasmante no papel, posto em prática, o resultado é fantástico. Quase todo instrumental, apenas com uma espécie coros muito ao fundo, que surgem de vez em quando, este álbum é uma viagem daquelas, principalmente para quem não os conhece. Haveria espaço para mais experimentação e para mais maluquice, já que por vezes parece que certas malhas, principalmente as mais longas, parecem repetir-se um pouco. De qualquer forma, esta é uma viagem de se lhe tirar o chapéu e os Lazer/Wulf são os condutores mais alucinados que poderiam haver. This is one hell of a ride!


Nota:  8.7/10

Review por Fernando Ferreira