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Entrevista aos Anathema


A Metal Imperium esteve à conversa com Danny Cavanagh, um dos mentores de Anathema, sobre o mais recente álbum, “Distant Satellites”, bem como o passado e o futuro da banda.


M.I. - Mais de vinte anos passaram desde o início... o que mudou?

Bem... não sei por onde começar... Por onde queres que eu comece mesmo?


M.I. - Talvez pelo início?

Isto é uma pergunta enorme, e eu não sei se me sinto preparado para dar uma boa resposta a isto. Vinte anos é muito tempo, e imensas coisas mudaram. Acho que me sairia melhor a falar sobre aquilo que ficou na mesma ao fim destes anos todos.


M.I. – Então o  que se manteve desde o início?

Bem, a base da banda continua a mesma, continuo a ser eu, o Vincent e o John, os principais elementos de ligação e responsáveis por grande parte do processo criativo. Nós sempre lutámos pelo crescimento e evolução da banda, e isso não mudou nem nunca irá mudar. Ao longo de todo o nosso percurso, sempre nos mantivemos unidos e consistentes, perante todas as mudanças e altos e baixos, e foi esse esforço todo que sempre fizemos que manteve a banda unida. A música sempre veio em primeiro lugar, e sempre assim será. Muito mudou ao longo do tempo, mas isto, o mais importante, sempre se manteve.


M.I. - Desde que o Darren saiu da banda que o vosso som passou por mudanças profundas, passando de uma sonoridade mais doom para uma mais progressiva. É este o som definitivo da banda, ou ainda poderá haver uma nova evolução do mesmo no futuro?

Eu creio que ainda não encontramos o nosso som definitivo, e provavelmente nunca o iremos encontrar/estabelecer. Isto o que fazemos é em prol da jornada musical, é sobre procurarmos o som que melhor nos define, e irmos evoluindo à volta disso. É esse o objectivo da nossa existência enquanto banda. Ao longo dos anos de certeza que irão haver mudanças mais ou menos profundas. A melhor metáfora que encontro para explicar isto, é a que nós, equanto banda, somos um navio à deriva no oceano. As marés e as paisagens vão mudando constantemente à nossa volta, mas o navio ainda é o mesmo, e que desde que se aguente, este tem uma longa viagem pela frente,onde irá encontrar muitos locais e paisagens diferentes.


M.I. - Como é que descreves o novo álbum, “Distant Satellites”, a alguém que ainda não tenha tido a oportunidade de o escutar ou que não conheça o trabalho da banda?

Música rock obscura, intensa e emocional.


M.I. - A faixa “The Lost Song” tem 3 partes diferentes. Há algum conceito ou história por detrás da mesma, que explique a existência destas três partes distintas?

Não há um conceito especifico em si, mas há uma história por detrás da letra. Todas as 3 partes da “The Lost Song” tiveram origem num pequeno “acidente”. Há uns anos tinha uma música gravada que gostava muito, no entanto, talvez por erro das novas tecnologias, acabou por se perder, e nunca fui capaz de a recuperar. No processo de procura surgiram as ideias que acabaram por se concretizar em três músicas. Estas, de certa forma, foram a tentativa de encontrar algo que se perdeu há muito, uma música que se perdeu e que nunca pode ser encontrada. Mas creio que não há problemas com isto, porque as músicas que surgiram da tentativa de me relembrar de algo perdido, saíram bem, e isso deixa tudo melhor.


M.I. - Um tema sempre muito recorrente em Anathema é o amor e a luta para ultrapassar perdas, assim como a melancolia associada a estes sentimentos. Achas que estas temáticas são a principal razão pela qual muitos se identificam com a vossa música?

Eu não sei bem dizer o que faz as pessoas gostarem ou identifcarem-se com a nossa música. Talvez seja por causa das letras, ou das melodias, ou até mesmo uma combinação dos dois. Não sei honestamente dizer, mas creio que a sinceridade que as nossas músicas transmitem poderá ser uma das principais razões. As nossas músicas são sinceras, e isso marca as pessoas, por isso acredito que esse seja o principal motivo.


M.I. - Tens alguma que gostes especialmente neste novo álbum? Se sim quais?

Não. Tenho várias. Não quero dizer quais, pois pode dar a ideia que acho que há musicas melhores que outras no álbum.


M.I. - Não creio que seja esse o caso. O que poderá acontecer é que as pessoas passem a ouvir essas músicas de uma forma diferente, ou quando forem ouvir o álbum comecem por essas em vez de o ouvirem na totalidade primeiro.

(Risos) Sim, talvez tenhas razão. Assim sendo, as faixas que mais gosto são a 5, 6, 7 e 9.



M.I. - Quais foram as tuas principais influências musicais aquando da composição deste álbum? 


Não sei bem dizer ao certo. Eu não tenho por hábito ouvir muitas bandas diferentes. Geralmente tenho a tendência de me focar apenas em um ou dois álbuns durante um determinado período de tempo. Actualmente ando a ouvir Type O Negative, mas não se nota essa influência no novo álbum porque não era isso que andava a ouvir na altura. Nas últimas semanas tenho passado muito tempo a ouvir o “October Rust”, e talvez possa vir a influenciar novas músicas que possa vir a compor, ou talvez não. Nunca se sabe.


M.I. - Quais são as expectativas que tens relativamente à vossa próxima tour europeia?

Expectativas... bem eu tenho esperança que os bilhetes se vendam bem, e que até mesmo esgotem, isso seria excelente. Tenho esperança que isso venha a acontecer, mas não o espero realmente. Eu já aprendi a não ter demasiadas expectativas neste negócio que é a musica.


M.I. - Anathema já tocou muitas vezes em Portugal. O que é que vos faz gostarem tanto de dar concertos por cá?

Eu adoro tocar em Portugal, o público é excelente e extremamente simpático. No geral, o público mediterrânico é muito bom. Mas eu gosto especialmente de Portugal, porque de todos os países do sul da Europa, é o que tem as pessoas mais calmas e agradáveis, o que é algo que me agrada bastante. Depois, é claro, temos o Daniel na nossa banda, que é um tipo português impecável. Mas acima de tudo, eu tenho uma relação muito pessoal com o vosso país, já tive uma namorada portuguesa no passado, e chegamos a gravar as demos deste novo álbum aí.  Eu adoro o vosso país.


M.I. - Como é que foi ser a banda cabeça de cartaz numa tour pelos EUA, pela primeira vez?

Foi um verdadeiro “eye-opener”, como dizemos em inglês. Não estava à espera de tanto, de grandes multidões, grandes momentos e a companhia de excelentes bandas (Alcest e Mamiffer). Foi excelente, é definitivamente uma experiência a repetir no futuro.


M.I. - Sentes que ainda tens algo por alcançar com Anathema?

Sim, há sempre novos objectivos a atingir. Nós levamos isto um passo de cada vez, e é nisso que nos vamos focando, no próximo passo a tomar, nunca num final em grande  em si. Eu não estou especialmente focado na nossa grande oportunidade para atingir o mainstream, apenas deixo as coisas seguirem o seu rumo calmamente, um pequeno passo e um objectivo de cada vez. É importante levar um dia de cada vez. Entrevistas, assuntos da banda, concertos e alguns planos que poderão ou não ser concretizados. 


M.I. - Depois desta tour, um novo álbum?

Sim, mas não logo a seguir à tour. O novo álbum deverá ser para 2016. Mas apesar de tudo, o próximo ano adivinha-se muito ocupado e cheio de trabalho, e com alguns desenvolvimentos inesperados. Vão ter de esperar para ver, mas posso prometer que vão ser excitantes, já temos uma série de ideias a surgir.


M.I.- Bem chegamos ao final. Muito obrigado pela disponibiliade, e espero encontrar-vos em Outubro!

Obrigado eu, e até lá!


Entrevista por Rita Limede