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Entrevista aos Turisas


Uma nova forma de metal nasceu na última década conhecida como folk metal. Começando como uma pequena cena underground principalmente, este género cresceu e foi ganhando cada vez mais seguidores. Turisas é A banda que se tem mostrado responsável por quebrar paredes e começar uma revolução dentro do metal. Vindos directamente da Finlândia, os Turisas lançaram o seu novo álbum Turisas2013 no ano passado. Houve alguma polémica devido ao freshen up que fizeram neste novo álbum. Falamos com Mathias Nygård que nos elucidou sobre a ideologia por detrás deste seu novo trabalho de um ponto de vista não só musical mas também pessoal. 


M.I. - Como tem sido o feedback do novo álbum, Turisas2013?

A recepção tem sido como o esperado: além de Turisas2013 ser um álbum mais progressivo e não propriamente semelhante àquilo que fizemos no passado, é também mais desafiante para o ouvinte. Nós sempre quisemos desenvolver o nosso som álbum por álbum, e nunca apenas repetir aquilo que fizemos no passado. Então era óbvio que, durante todo o tempo, este álbum podia não agradar aqueles que estão à procura estritamente daquele tipo de folk metal que fizemos nos nossos primeiros álbuns. Felizmente, muitos dos nossos fãs têm uma mente suficientemente aberta, e assim, sinto que muitos deles cresceram com a banda. Os seres humanos são naturalmente conservadores e não são predispostos para com a mudança, mas uma vez que as pessoas ultrapassaram o facto de que este álbum podia ser diferente daquilo que eles, talvez, estavam à espera que fosse e serem capazes de o aceitar por aquilo que ele é, eu penso que Turisas2013 tem sido capaz de lhes oferecer algo novo, fresco e interessante. 


M.I. - Enquanto gravavam o álbum, quais eram os vossos focos principais, criativamente?

Nós também quisemos mudar muitos dos nossos hábitos de composição e produção, tomar riscos e tentar coisas novas que nos pusessem fora da nossa área de conforto. Nós queríamos fazer um álbum que soasse diferente daquilo que fizemos no passado, é mais espontâneo e menos “polido”. Nós queríamos a banda neste foco e suavizar nos elementos exteriores como as orquestrações. Isto não significa que o álbum é mais fácil ou mais simples de alguma forma, no que toca à sua construção, mas esses equilíbrios e ponderações alteraram-se um pouco. No que toca ao conteúdo lírico, nós somos uma banda que sempre foi conhecida por escrever letras que são influenciadas historica e conceptualmente. Mas isto foi sempre mais como uma moldura e os temas centrais têm sidos intemporais ou muito mais contemporâneos do que as pessoas se possam ter apercebido à primeira vista. No Turisas2013 eu queria ser um pouco mais franco e enquanto as letras estão cheias de referências históricas, os temas abordados são agora mais, obviamente, contemporâneos e, lidando com o mundo da altura em que foi criado o álbum – 2013.


M.I. - Como foi o processo de composição e de produção deste vosso novo álbum? Foi diferente daquilo que foram fazendo no passado?

Foi muito diferente. Nós alugamos uma velha e grande casa no meio do nada, cercada apenas por floresta e mar, onde nós fizemos o nosso estúdio para a composição e gravação. Isto permitiu-nos desfocar de certa forma, a linha entre a composição, fazer as demos e a actual composição do álbum e contribuiu para a tal ideia de fazer o álbum mais espontâneo. Eu vivi naquela casa pelo menos meio ano e o Jussi veio viver comigo um par de meses mais tarde. Nós gravamos muito do álbum, nós mesmos, e todo o processo foi muito intensivo tendo em conta que vivíamos naquela pequena bolha durante todo o período de gravação sem qualquer tipo de distrações exteriores. 


M.I. - Os Turisas têm 16 anos de experiência. Como é que foste mudando como pessoa tendo em conta o tempo com da banda?

A banda tem sido toda a minha vida, o que torna muito difícil imaginar sequer que tipo de pessoa seria sem a mesma. Nós começamos isto como adolescentes e agora estamos na casa dos trinta e suponho (ou pelo menos espero) todos nós tendemos a mudar um pouco tendo em conta os anos todos que passaram. Tal como a maioria das pessoas, eu acho que a idade me tornou mais objectivo e as coisas deixaram de ser tão pretas ou brancas. 



M.I. - Tendo em conta os espectáculos ao vivo, qual são as músicas em que sentem que os fãs se conectam mais? E quais as vossas preferidas de tocar?


Claro que êxitos como a Battle Metal, a Stand Up And Fight e a To Holmgard And Beyond funcionam sempre muito bem ao vivo, mas penso que o nosso público aprecia o facto de alterarmos constantemente o nosso set e as músicas que tocamos ao vivo. Por norma não sabemos que músicas iremos tocar até aproximadamente uma hora antes de subirmos ao palco. Penso que as músicas do novo álbum estão a funcionar muito bem ao vivo, e as pessoas parecem apreciá-las. Gosto do facto de o nosso set incluir sempre músicas mais aceleradas como a Holmgard, mas também músicas mais progressivas que são talvez mais desafiadoras para o ouvinte, mas que parecem ser extremamente apreciadas. Gostamos de manter o set variado e presente todas as facetas da banda quando tocamos ao vivo. É claro que isto é mais fácil num espectáculo de longa duração como cabeças de cartaz do que numa curta performance de festival. A minha música preferida ao vivo muda sempre, mas neste momento é capaz de ser a We Ride Together, que é rápida, requer muito de cada um de nós musicalmente para a tocar e é sempre divertido ao vivo.


M.I. Há algum artista específico ou algum género que têm ouvido frequentemente e que, consequentemente, da qual tenham tirado influência?

A música que eu ouço é muito variada: metal, pop, folk-rock, prog, entre outros, mas não tenho a certeza se há assim tanta influência vinda daqui. Pelo menos de forma intencional ou directa! A única coisa que tenho ouvido e que nessa perspectiva de me influenciar é música clássica contemporânea ou do século XX. 


M.I. - Falando de uma perspectiva mais pessoal, como é que pensam que o incidente com Georg Laakso afectou a banda e cada um de vocês, de forma individual?

É claro que modificou a dinâmica da banda de alguma forma mas não tanto como se pode pensar. Mas já passaram quase 10 anos, logo é difícil de lembrar. Na altura ainda só tínhamos lançado o nosso primeiro álbum e tudo ficou muito diferente de qualquer maneira. 


M.I. - Muito obrigado por esta entrevista, desejamos-vos toda a sorte do mundo com o novo álbum! Há alguma palavra que querem deixar aos vossos fãs portugueses?

Obrigado! Nós esperamos voltar a tocar em Portugal rapidamente! Muito obrigado pelo vosso apoio e se ainda não o fizeram, dêem uma vista de olhos no nosso álbum Turisas2013! Cheers! 

Entrevista por Sara Leitão