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Ted Nugent - "Shutup & Jam" Review


O tio Ted está de volta, pela mão da Frontiers, que parece frenética em reunir o catálogo mais clássico de que há memória e não parece haver grande mudança para quem o conhece desde clássicos como "Cat Scratch Fever". Com uma carreira com mais de trinta anos não há muito como surpreender a uma altura como esta, embora verdade seja dita, musicalmente, o Tio Ted já deixou de ser relevante há algum tempo. Se juntarmos à equação as declarações que o homem insiste em deitar cá para fora, cheias de xenofobismo, fruto de uma filosofia de direita norte-americana (aliás, só o termo "norte-americano" deve ser um insulto para o velho Ted, já que para ele apenas existe a América, composta por cinquenta estados e uma espécie de pequenos paíse à volta) sem esquecer a sua apologia à caça, à guerra e à supremacia dos Estados Unidos da América em relação ao resto da humanidade, temos uma personagem que as pessoas adoram odiar, pelo menos quem não seja norte-americano, claro. Coisas que o fizeram ser falado por tudo menos pela sua música e que fizeram dos seus concertos comícios políticos republicanos e demagogos, para os quais já não há o minímo de pachorra.

Com um antecedente destes, as expectativas são bem, mas mesmo bem, baixas. O título acaba por ser sábio. Acaba por ser o que muita gente lhe gritou nos concertos: "Shutup & Jam"! E é isso que o velho tio Ted faz. Com uma série de músicas curtas mas cheias de swing e rock'n'roll, este trabalho é entusiasmante pela forma como flui. Hard rock de qualidade, ideal para uma viagem de carro ou para ouvir num bar qualquer, com grandes malhas e grandes solos de guitarra. Claro que existem por aqui muito apelo à americanada estúpida, afinal um título como "I Love My Bbq" e "Semper Fi" não poderia ser mais sugestivo, mas se formos a comparar o histórico do homem com aquilo que diz aqui, em termos de letras, parece que encontrou a luz - as letras dum tema como "Fear Itself" chegam a ser inspiradoras. Aliás, mesmo em momentos da maior profunda americanada patriótica, como "Never Stop Believing", "I Still Believe" e "Trample The Weak Hurdle The Dead", existe sempre uma contenção e um equilíbrio que mostram que se fosse sempre assim, o tio Ted passaria por alguém bem menos detestável.

Como destaque, surgem o tema título, as duas versões da "Never Stop Believing" (uma rock outra blues, as duas muito boas), a "She's Gone" com a participação de Sammy Hagar num tema em que as duas vozes resultam muito bem e a instrumental "Throttledown", os melhores momentos de álbum que, esquecendo as motivações políticas do músico, mostram que Ted Nugent continua com música muito boa dentro de si, música que são representantivas de um certo lado rebelde de forma romântica que faz com que se apaixone pelo conceito do sonho americano. Claro que a realidade é outra coisa, mas este é um bom disco para fugir a essa realidade. Simples, directo e sem grande profundidade. Como Ted diz na faixa título, a salvação da América passa pelo rock'n'roll. Desde que seja apenas rock'n'roll e sem política pelo meio, totalmente de acordo.


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira