O press-release deste trabalho é a coisa mais alucinada que pode haver e isso pode dar uma muito boa indicação do que podemos encontrar musicalmente, embora por vezes “ alucinação” no press-release beire um pouco a parvoíce. Felizmente, o mesmo não acontece com a música, mesmo que o estilo não seja propriamente pesado, aproximando-se mais do psiquedelismo. Há um grande feeling vintage e retro mas fora do que se está habituado – ou seja, raízes naquilo que os Black Sabbath fizeram, em consonância com as propostas do rock pesado dos anos setenta. Aqui recuamos um pouco mais e a década que nos surge na mente é a década de sessenta.
Não fosse a qualidade sonora, que não sendo digital e conservando o feeling vintage analógico da coisa, poderíamos dizer que se trata de um qualquer álbum gravado em 1968, na Inglaterra. Não sabendo porquê, é um estilo de som que se enquadra bem tanto na época, como no país. Não se pense, no entanto, que é um festim de música alternativa, sem qualquer peso ou pelo menos distorção. Tal não é verdade, já que temos alguns riffs dignos desse nome como na “Clearer”, uma das melhores malhas – malha mesmo – do álbum.
É um álbum surpreendente e intrigante, que poderá causar repulsa e atracção simultaneamente e que a segunda sensação acaba por ir controlando e dominando, a cada nova audição. É necessário ter o espírito bem aberto, é certo, mas não se revela perda de tempo, mesmo que depois exista necessidade de ouvir algo bem mais extremo. Dentro das propostas retro, é daquelas que acaba por marcar mais pontos por fazer algo mais… fora da caixa, que nos finais da década de sessenta seria totalmente dentro da caixa. Ironias.
Nota: 7.4/10
Review por Fernando Ferreira
