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Golem - "Eternity: The Weeping Horizons / The 2nd Moon" Review


Há aqueles momentos que até nos julgamos surpreendidos por uma banda nova na nossa musicateca, mas depois de olhar bem para o logótipo da mesma ficamos com aquela sensação estranha de deja vu. Foi o que aconteceu com os germánicos Golem. Pensava eu que apenas conhecia o Golem do Senhor dos Anéis e o álbum dos conterrâneos Thrashers Protector, sinceramente, não me lembrava de mais nenhum artista que desse pelo mesmo nome, mas ao rever a discografia da banda deu-se o inesperado click! Afinal, estes Golem são velhos companheiros de cena da década de 90,  onde o seu ep “Visceral Scabs” muito ecoou pelos meandros do tape trading da altura. Na época, numa versão bastante mais bruta a fazer lembrar algo entre uns Mortician, Blood e Necrony.

Com existência desde 1989, os Golem tem a experiência necessária, bem como o mérito próprio, de terem conseguido fazer bons discos ao longo da sua carreira e esta reedição dos seus dois primeiros álbuns é mais que justificada, nem que seja porque a banda merece muito mais reconhecimento do que tem. Tendo evoluindo para uma sonoridade à lá Carcass da era do Necroticism / Heartwork, com alguns retoques dos senhores da guerra Bolt Thrower, estes Eternity: The Weeping Horizons (1996) e The 2nd Moon (1998) servem perfeitamente para saciar a fome de todos os admiradores da banda Inglesa. Porém, não só a sonoridade evoluiu, também a nível lírico, os Golem abandonaram os assuntos carniceiros e começaram a focar temas dentro dos domínios da instrospecção sombria e do misticismo.

Tecnicamente, bastante, competentes, musicalmente objectivos e inspirados, estes dois trabalhos reflectem também o crescimento dos Golem, porque as ideias, de um álbum para o outro, demonstram estar mais maturas e consolidadas. Usufruindo de produções fortes, salientamos que este Death Metal é acompanhado por momentos tipicamente rápidos, mas onde a melodia ocupa quase a totalidade das composições. É interessante acompanhar esta característica dos Golem porque fazem de um som tipicamente duro algo muito trauteável, notando-se perfeitamente, nesta última particularidade, a importância da influência da escola Sueca. Imaginem só, por exemplo, que aos elementos normais descritos na musicalidade dos Golem (e aqui utilizamos, mais uma vez, a fonte seminal dos Carcass), encontravamos também a melosidade dos Dark Tranquility! Note-se que ambiente está muito mais presente no The Second Moon, sendo o Eternity: The Weeping Horizons mais áspero e mais directo (mas não muito mais). Outros aspectos importantes de referir são os riffs, leads, solos e as semelhanças vocais que acompanham os dois registos. De facto, instrumentalmente, a execuação de toda a secção de cordas merece um destaque porque revela não só um cuidado extremo, bem como uma elevada inspiração no campo da composição. Vocalmente, a duplicação das vozes, mais arranhada e mais grave, mais uma vez, transportam-nos, sem hesitações, para a dupla Walker / Steer. Em ambos os casos, o homem que merece esta honra chama-se Andreas Hilbert, uma vez que executa de forma exemplar a posição de guitarrista e vocalista dos Golem.

Aconselho esta compilação, como a editora lhe chama, a todos que gostam deste tipo de sonoridade, bem sabemos que quem gosta não quer saber se existem 30 000 bandas a fazer o mesmo porque desde que a música tenha a alma que cada um procura, iremos, sempre, prestar a devida atenção ao artista. No caso dos Golem isso é inegável, como tal, revivalistas e curiosos esta edição é para vocês!

Nota: 8/10

Review por Pedro Pedra