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Scandelion - "Nonsense" Review


Ao ouvir este novo álbum da banda Scandelion, vem-me imediatamente à memória um dos meus chavões preferidos: “Se queres alguma coisa bem-feita, fá-la tu mesmo”. Jorge Afonso Rodríguez leva a frase à letra e, à terceira tentativa, traz-nos um álbum sólido, com uma primeira metade bem superior à segunda, mas que, estando no espírito ideal, pode ser surpreendentemente espectacular.

Todas as canções deste “Nonsense”, que até faz muito sentido, estão embebidas em sensações um pouco ou tanto agridoces. As toadas melancólicas e sombrias dão muitas vezes lugar a refrões hiperenergéticos (as vezes até um pouco histéricos), resultando num rodízio de sentidos estimulados. Rodízio esse, que nem sempre é fácil de digerir. Sensações à parte, o peso e a beleza estão muito em vogue neste álbum e, por isso, é difícil ficar indiferente ao que vai acontecendo no decorrer destes quarenta e seis sombrios minutos. A nuvem que paira acima de nós com o início de Nonsense – Part I destaca-se acima de tudo pela beleza que as canções aqui emanam. O destaque maior vai para a forte composição que quase todas as canções aqui apresentam e para a presença continuamente forte do teclado, onde Jorge é mestre.

Por letras que apelam sempre aos sentimentos (ás vezes até demais), este álbum funciona como uma viagem em redor da esfera das emoções. Durante esta epopeia, os momentos tempestuosos são quase sempre precipitados num ritmo lento, não raras vezes com enfeites de doom, apelando à parte mais sentimental do ouvinte. Excelente exemplo disso é My Tears Drown Your Heart, uma balada potente como um relâmpago, que funciona como sum up do álbum: sentimentos, intensidade, mais sentimentos e melodias bonitas e delicadas.

Ainda assim, nem tudo resulta neste álbum. Se malhas como My Darkest Thoughts ou Asleep in the Embrace of Death são óptimas bandas sonoras para dias chuvosos e enublados, outras como Die… or Die (your choice) fogem um pouco à missão maior do álbum: o sentimentalismo. Aliás, os próprios títulos das canções pautam-se sempre por algum sentimento emo e mostram bem o que podemos esperar em cada canção. Diga-se em bom da verdade que este apelo exagerado às emoções pode ser um carrasco deste álbum para muito boa gente. “Nonsense” pode ser um espanto para quem consiga entrar neste universo sensorial ou pode não valer um pataco para quem fique à porta deste Nonsense. Acaba por ser tudo uma questão de espírito…

Nota: 7.4/10

Review por Pedro Bento