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Tesla - "Simplicity" Review

Em “MP3“, Jeff Keith canta “Oh my God it's taking me/From the phonograph record to the MP3” descrevendo bem o percurso deste grupo de Hard Rock ao fim de cerca de três décadas no ativo. Com uma carreira inicialmente bem-sucedida, no final dos anos 90, os Tesla entrariam depois em suspensão, regressando em 2000, primeiro com discos de versões depois com aparições, pontuais, em festivais. A sua solidez ao vivo - apenas o guitarrista Dave Rude é novo na formação, ocupando aquele que foi sempre o posto mais instável nos Tesla – levou a que o quinteto fosse cada vez mais solicitado, acabando por gravar um disco de originais em 2008: “Forever More”. Depois de um disco acústico e um estúdio reduzido a cinzas, chega agora “Simplicity”, o novo trabalho para 2014.

Embora bem-sucedidos ao princípio, o quinteto nunca integrou o movimento Glam e Sleaze da época, sabendo marcar a diferença e aproximando-se mais do AOR e Hard Rock. Os temas melódicos e catchy eram acompanhados, nos dois primeiros discos, por letras simples que contrastavam com os nomes dos discos e as explicações para os mesmos, divulgadas no lay out: Mechanical Ressonance” com um lay out em que se explicava quem era Tesla ou “The Great Radio Controversy”, novamente explicando a origem da rádio. Apesar de todo o interesse as digressões extensas acabaram com a frescura do grupo e tudo desabou. Os Tesla de hoje mantêm quatro dos elementos da sua principal formação (1984-1996) e recuperam a energia inicial e o good vibe que percorria a sua música, o que os separa de muitos dos zombies dos anos 80 e 90 que insistem em assombrar festivais revivalistas, aos quais os Tesla continuam a comparecer e a destacar-se.

Não esperando que o grupo reinvente o estilo e sem nunca deslumbrar, “Simplicity” é aquilo que o próprio nome descreve: um disco simples, despretensioso, bem executado e gravado, aqui e ali com uma malha mais catchy, letras atuais – umas autobiográficas, outras xaroposas q.b. – e óbvias referências a Led Zeppelin, como no início de “So Divine”, single de avanço, que possui daqueles solos a pedir um pouco de air guitar. No disco encontra-se todo um conjunto de soluções sonoras expectáveis, não porque o grupo esteja longe de ser original, mas porque a cartilha é bem conhecida. Se por um lado os Tesla não arriscam e seguem as linhas básicas do género, por outro nunca comprometem e chegam com uma boa mão cheia de malhas interessantes e de qualidade, podendo até funcionar como um bom cartão-de-visita para quem só agora chega ao estilo e quer tentar algo actual e diferente dos clássicos. Nesse caso, apenas uma sugestão: Ouçam-no alto. Bem alto!!!

Nota: 8/10

Review por Emanuel Ferreira