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Arch Enemy - "War Eternal" Review


Seria de esperar que após tantos anos de berrarias entre concertos e gravações, que Angela Gossow chegasse finalmente ao seu limite, o algo insípido Khaos Legions acabou por ser o maior testemunho disso. Como tal este ano os fãs de metal viram uma das mais carismáticas vocalistas sair de cena, mas que felizmente o fez a bem, ficando inclusive responsável pelo management da banda. Mas as más notícias para os Arch Enemy não se ficaram por aqui, e mais uma vez Cristopher Amott abandona também o barco igualmente por razões de saturação, neste caso de música extrema.

Entram em cena então Nick Cordle, ex guitarrista de Arsis e Alissa White-Gluz, ex-vocalista dos The Agonist, e em boa hora o fizeram, porque tendo em conta o que ouvimos em War Eternal os Arch Enemy acertaram na mouche. O primeiro mostra ter destreza de dedos mais que suficiente para complementar o virtuosismo de Michael Amott, já quanto a Alissa…bom se este disco por acaso se revelar um fracasso, não será por ela certamente. Esta Alissa que ouvimos aqui nem em The Agonist soa tão brutal, e ao contrário do que se pudesse vir a pensar, apenas ouvimos o seu registo extremo, sem qualquer uso de vocalizações mais melódicas.

Pela primeira vez vemos os Arch Enemy fazer um maior uso de algumas faixas orquestrais, não como base das composições, mas sim usadas com moderação de modo a abrilhantar as mesmas, sendo Time is Black o expoente máximo disso, uma composição de uma qualidade que arrisco dizer, não se ouve desde Anthems of Rebellion. Por culpa ou não dos novos integrantes, War Eternal será porventura o melhor disco dos Arch Enemy desde o acima mencionado disco de 2003. Se não for o melhor, será sem dúvida o mais interessante.

Poder-se-á argumentar que Amott e cia persistem em não conseguir sair do beco criativo em que se encontram, e que War Eternal mais não é do que mais do mesmo que a banda nos tem vindo a dar desde Black Earth, contudo os riffs, solos e linhas vocais aqui contidas parecem bem mais frescas e interessantes do que nos últimos anos. As the Pages Burn, faixa titulo e Never Forgive Never Forget logo a abrir (quase que a fazer lembrar o inicio do ultimo disco de Soilwork) são temas de death metal de enorme qualidade, onde a raiva e o peso são a temática dominante, enquanto No More Regrets e You Will Know my Name por exemplo, mostram-se mais compassados e melódicos. O excelente On and On por seu lado parece ser uma mistura entre estas ambas as vertentes, comportando um solo de inegável qualidade.

Mas infelizmente os Arch Enemy continuam com muitos anticorpos no metal, como tal se calhar War Eternal não será suficiente para granjear um maior consenso no seio, como foi por alturas de Wages of Sin quando Angela Gossow fez a sua primeira aparição, tendo apanhado despercebida muito boa gente…o que é pena porque é um grande disco. 

P.S: Soube-se entretanto que o supramencionado Nick Cordle foi substituído por nem mais nem menos que Jeff Loomis (ex-Nevermore). Independente das (ainda pouco claras) razões que levaram a tal mudança, a expectativa de ouvir um disco com estes gigantes das 6 cordas juntos é quase tão grande como o ego do americano.  

Nota: 8.5/10

Review por António Salazar Antunes