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The Morningside – "Letters from the Empty Towns" Review


Os Morningside são uma banda russa que, apesar de já existir desde 1993, começou a lançar álbuns apenas em 2007. Apesar da demora, os moscovitas vêm demonstrando uma qualidade interessante em praticamente tudo o que lançaram. O último desses lançamentos chama-se “Letters from the Empty Towns” e é a prova (se é que ela faltava) de que é possível criar bons álbuns sem qualquer tipo de inovação.

A primeira coisa que salta à vista ainda nos primeiros segundos de “Immersion” é exactamente isso: “isto é bom, mas soa a muitas outras coisas que já ouvi por aí e isso… não é necessariamente mau”. Com o decorrer do álbum, a conclusão inicial mantêm-se, mas há tempo e espaço para algumas surpresas. Desde logo, “Deadlock Drive” que com um riff sombrio e proeminente nos cativa e seduz ao longo de cinco minutos em que tudo faz sentido. Aliás, esta é uma faixa que demonstra a característica mais notável dos The Morningside, a competência. Se não existe um membro que se destaque verdadeiramente – talvez apenas o vocalista, Igor Nikitin – também é verdade que todos os músicos dividem as luzes do protagonismo equitativamente. “Letters from the Empty Towns” é um álbum onde tudo soa como devia soar num bom álbum de death metal melódico. Apesar dos traços doom da banda russa se perderem um pouco neste último trabalho, é de notar que a personalidade da banda não sai beliscada por isso, ao invés, a nuvem sombria dos The Morningside parece estar num estado avançado de condensação, sem que se prevejam aguaceiros depressivos jacentes às canções. À excepção da já enunciada “faixa três”, o álbum vai um pouco naquela senda futebolística de que “o que importa é o colectivo”. Com efeito, não temos aqui grandes discrepâncias de ritmos, criatividade ou de estilo, mas a qualidade e o interesse estão lá sempre. Sem serem iguais, todas as músicas mostram o mesmo – bom death metal melódico – de maneiras distintas. 

Os The Morningside são uma sugestão para verdadeiros fãs de death metal melódico, que não acham que todas as bandas soam a Children of Bodom. Este é um projecto que dificilmente ganhará grande notoriedade, mas que oferece aquilo a que se predispõe. Muitos não saberão valorizar isso, o que é uma pena, mas todos aqueles que consigam entrar nesta esfera de “satisfação de necessidades” não se irão arrepender por certo. “Letters from the Empty Towns” é para ouvir várias vezes, em sítios diferentes, com humores e pessoas diferentes, chegando sempre à mesma conclusão de que obter apenas e só o que se pretendia é um dos melhores prazeres, tanto na música como noutra coisa qualquer. 

Nota: 8.2/10

Review por Pedro Bento