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Entrevista aos Downfall Of Gaia

Downfall Of Gaia têm percorrido um caminho de sucesso com álbuns cada vez melhores do que o anteriores. Por isso, não é de suspeitar que o novo “Aeon Unveils The Thrones Of Decay” seja estrondoso e até, direi, o melhor da banda. Conversámos com o luso-descendente Dominik Gonçalves dos Reis que nos esclareceu sobre este novo disco, bem como a caminhada da banda até à data.

M.I. - Não pude deixar de notar que este novo álbum demonstra um estado de grande maturidade. Sentes que estão mais maduros e que já atingiram o som que realmente desejam?

Diria que tudo isto é um progresso natural. É um desenvolvimento constante. Tentamos que o nosso som cresça de disco para disco e não ficarmos presos. Por isso mesmo, diria que ainda não atingimos o som que realmente queremos, mas sentimo-nos muito confortáveis onde estamos. E isso não é a coisa mais importante para nós. Criar música é que nos faz sentir confortáveis.


M.I. - Achas que o álbum “Suffocating In The Swarm Of Cranes” foi o ponto de viragem para o vosso reconhecimento mundial? E será que o novo “Aeon Unveils The Thrones Of Decay” é um «all-in»?

“Suffocating In The Swarm Of Cranes” foi o nosso primeiro disco com a Metal Blade. A promoção e tudo isso foi crescendo. Recebemos reviews desse disco de toda a parte do mundo, algo novo para nós e que ajudou bastante a termos nome lá fora. Felizmente, o álbum foi bem recebido e, por isso, diria que foi verdadeiramente um ponto de viragem para o reconhecimento da banda devido ao muito trabalho de promoção que nunca tínhamos tido. Não diria que o novo álbum seja um «all-in», talvez por causa do facto de o anterior ter sido tão bem recebido e as pessoas estarem à espera de algo semelhante. Quem sabe…


M.I. - Como no segundo disco, o novo tem um título muito forte. Podes explicar o conceito por detrás disso?

«Aeon» pode ser interpretado como «vida» ou como um longo e indefinido período de tempo. Portanto, “Aeon Unveils The Thrones Of Decay” é um álbum conceptual sobre o tempo e os seus aspectos implacáveis. Tem a ver com o lado mais negro da vida e as lutas que todos temos de travar no quotidiano. Ao longo dos anos todos tivemos que lidar com perda, circunstâncias não desejadas e situações desconfortáveis. Simplesmente não há nada que possas fazer quanto a isso. O tempo não pára!


M.I. - Senti que as vozes são agora mais negras do que antes e até senti algumas nuances de black metal mais cru. Foi o vosso lado experimental a funcionar?

Para este disco tentámos trabalhar num contexto mais agressivo. As letras vão de mão dada com os temas negros e agressivos. Apenas soou certo fazer dessa maneira. Uma onda mais ríspida, agressiva e negra.


M.I. - A presença do novo baterista, Michael Kadnar, tem um forte impacto no álbum, uma vez que novos elementos foram aplicados. Achas que esta nova adição trouxe coisas boas à vossa sonoridade?

Definitivamente! Com o passar dos anos já estamos habituados a ter um novo baterista em cada novo álbum. [risos] É aborrecido quando tens que procurar um novo baterista, mas também tem o seu lado bom. Cada um deles trouxe a sua própria visão, ideia e estilo. Nunca ficámos presos. O mesmo aconteceu com o Mike. Ele tem a boa técnica e um estilo agressivo. Foi perfeito para este álbum!


M.I. - O álbum decresce em brutalidade e cresce em melodia e introspecção. Achas o mesmo? Houve alguma ideia pré-definida para isso?

Geralmente, eu e o Peter [guitarra] preparamos as demos das músicas antes de todos os quatro nos juntarmos e antes de trabalharmos num novo disco. Trocamos ideias e falamos sobre a maneira de como o álbum deve soar. Como já disse: desta vez queríamos definitivamente escrever um disco mais agressivo, rápido e ríspido. Tudo combinado com uma onda atmosférica. Portanto sim, concordo com a tua ideia.


M.I. - Costumo dizer que Downfall Of Gaia é uma das bandas mais inovadoras que por aí andam e as pessoas falam de vocês. Mesmo assim é complicado definir o vosso género. Tens alguma descrição para isso?

Obrigado pelas palavras! Muitas pessoas fazem esta pergunta. Alguns rotulam-nos como atmospheric sludge, outros apenas como post black metal ou post metal. Não sei… Não nos queremos limitar a qualquer género. Somos muito mente aberta no que toca a música. Há tanta coisa boa por aí. Mas quando é sobre Downfall Of Gaia, diria que somos influenciados pelo doom, sludge e black metal. Vamos dizer que a nossa música é uma mistura de tudo isso.


M.I. - Quanto ao nome da banda… Quando criaram a banda, por que razão escolheram Gaia – a divindade, não a cidade portuguesa – e a sua queda? Há algum significado para isso?

Na mitologia grega, Gaia é conhecido como a Terra-Mãe. Para além do bonito som da palavra, fez sentido adicioná-la ao nome da banda. Claro que queríamos ter um nome que fizesse sentido e que encaixasse com a nossa música. Downfall Of Gaia descreve muito bem o que é a banda, as letras e atmosfera.


Enttrevista por Diogo Ferreira