Este excelente músico dispensa quaisquer apresentações, caracterizações e adjectivações pelo que não sendo eu um especialista em matéria de instrumentais e de instrumentalistas até sinto que poderei não estar à altura de avaliar este “Inferno”, a última obra de Marty Friedman.
Conduzir um conjunto de temas através da mestria de uma guitarra não só é difícil, como também parece impossível quando queremos manter padrões de interesse elevados, tanto ao nível da criatividade, como também em termos de coesão. Temos temas elaborados, com solos do outro mundo, ritmos desencaixados que se articulam numa fronteira quase invisível, outros calmos e outros tempestuosos. Há fantasia neste “Inferno”, assim como o conceito de limite está perfeitamente diluído na fusão de estilos, combinações e soluções encontradas ao longo desta passagem. É um disco quente, não restam dúvidas, suficientemente rico para ter um pouco para todos e nada difícil de ouvir, face a esta amalgama de elementos.
A adicionar a tudo isto temos também uma extensa lista de convidados que só vêm abrilhantar ainda mais o resultado final dos temas, “Wicked Panacea” (Rodrigo y Gabriela), “Steroidhead” (Keshav Dhar), “I Can't Relax” (Danko Jones), “Meat Hook” (Jørgen Munkeby), “Sociopaths” (David Davidson), “Lycanthrope” (Alexi Laiho & Danko Jones) e “Horrors” (escrita em conjunto com o Jason Becker) são motivos mais que suficientes para nos manter agarrados a esta proposta infernal de Marty Friedman.
Como tal, é de aplaudir o regresso deste génio, que demonstra um “Inferno” numa versão flexível e curiosa. Estou em crer que esta é a fórmula vencedora deste trabalho porque não está centrada sobre um ego inabalável, antes pelo contrário, as portas que abre são representativas de uma visão pluralista do mundo musical. E, no final, é isto que se pretende quando queremos demonstrar as nossas capacidades a todos os apreciadores de música!
Nota: 8.2/10
Review por Pedro Pedra