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Nachtmystium - "The World We Left Behind" Review


Já tanto se escreveu e leu sobre os Nachtmystium neste último ano e meio, em especial sobre as falcatruas e peripécias do seu vocalista Black Judd, que das duas uma: Ou estão ao corrente do acontecido, e nada do que se possa escrever nesta review trará nova informação relevante. Ou então estão a (re)descobrir a banda, e escusam de apreender tal informação, até porque provavelmente não fizeram parte do grupo de lesados do caso “merchandizing”, e a banda ao que tudo indica parece já ter os dias contados. Porque no fundo o que conta é a música e este disco não é nada de se deitar fora.

"The World We Left Behind" acaba por ser uma continuação lógica daquilo que foi "Silencing Machine", e no fundo mais um bom testemunho de tudo o que da complexidade que é a musica dos Nachtmystium, uma banda que ousa misturar black metal e rock psicadélico. Uma mistura que sempre pareceu mais subtil do que forçada, como se a junção de ambos os géneros fosse a coisa mais natural deste mundo. Ou seja não só continuam a recorrer a muitos dos elementos inerentes à génese do black metal, como o vão adornando com pequenos apontamentos estranhos ao género, mantendo uma coerência assinalável, ao mesmo que tempo que não complicam em demasia com viagens mais jazzisticas ala Shining.

Peguem no maléfico e opressivo "Tear you Down" por exemplo, um tema com a alternância entre os habituais riffs tremolos e cadenciados, acompanhados por uma secção rítmica avassaladora, de quem nem duvida que seja black metal, mas ao mesmo tempo incrivelmente catchy para o género. Ou o que dizer do riff quase alternativo de Fireheart que se segue a uma intro totalmente made in Norway. Mas mais destaques há em "The World We Left Behind" como o atmosférico, quase hipnótico Into the Endless Abyss, quase a fazer lembrar Leppers of Destruction do disco anterior, ou então o tema titulo, também numa vertente muito catchy. Mas não esquecer também a floydiana "Epitah of a Dying Star" a fechar o disco, quase como uma dirge fúnebre acerca desse eventual terminus da banda, face a tudo o que tem vindo a acontecer extra-palcos.

O melhor que se poderá dizer dos Nachtmystium é que se este for de facto o seu canto do cisne, pelo menos musicalmente despedem-se em alta.

Nota: 8.4/10

Review por António Salazar Antunes