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Albert Bell's Sacro Santus - "Deus Volt" Review


A pergunta que se impõe perante este álbum, a primeira pelo menos e mas nem por isso a mais importante, é… quem é o Albert Bell? Para os mais conhecedores do underground europeu, saberão que se trata de uma das figuras maiores da cena metaleira da pequena ilha de Malta, principalmente no departamento do doom metal. Como tal e sem surpresas, é nesse género que se insere este seu projecto, Sacro Santus. No entanto, a sua abordagem ao doom é mais próximo do metal mais extremo do que do doom mais tradicional, na onda, embora seja notória a influência de bandas mais clássicas como Saint Vitus ou Pentagram. Uma mistura destas tem tudo para interessar, mas será que é assim realmente?

“Deus Volt” é uma espécie de álbum conceptual que tem tanto de ficcional como de real, apoiando-se nos mitos e factos históricos à volta das cruzadas. A faixa de abertura, “Tears Of Ishtar” mostra um riff tipicamente doom, sem empolgar, mas também revela uma tendência para o lado mais épico do estilo, mostrando que  no que diz respeito às influências, o amigo Albert, não se quer limitar. Por um lado é bom, faz com que a tendência para haver dinâmica é forte. Por outro, se as músicas que resultam dessas misturas não forem empolgantes, não adianta colocar dinâmicas. É o que acontece precisamente com a primeira faixa, que na segunda metade dos seus oito minutos, acaba a arrastar-se e a pedir misericórdia – ou então é o ouvinte, das duas uma.

Este sentimento acaba por nunca se conseguir sacudir por completo, muito por culpa da falta de riffs cativantes. “Arcana Imperii” torna-se aborrecida ainda antes de entrar a voz, “Ordo Templaris” torna-se aborrecida após entrar a voz e este é um padrão que infelizmente se repete demasiadas vezes ao longo do trabalho. Não é questão de não reconhecer o talento de Albert Bell e da sua importância no que diz respeito à cena underground do doom, é o problema desse talento e dessa importância não se materializarem da forma desejável neste “Deus Volt”. A música não faz com que se fique interessado no conceito e o conceito, apesar de rico, não consegue compensar o facto da música não ser cativante. É um trabalho frustrante de se ouvir, mas pior que isso, aborrecido.


Nota: 3.5/10

Review por Fernando Ferreira