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Reportagem: 'XXX'apada Na Tromba @ RCA Club, Lisboa - 24/01/2015


A mais recente edição do “XXX”APADA NA TROMBA teve lugar em Lisboa, no RCA Club no passado sábado dia 24 de Janeiro. As expectativas para este evento eram enormes, o que ficou bastante claro com a grande procura que os bilhetes tiveram.

Shoryuken, a banda de um dos organizadores do festival, teve a honra de ser a primeira a actuar nesta edição. Foi uma boa prestação, que fez com que o festival começasse em grande e com muita animação, e que contou com a presença em palco de bailarinas em trajes menores, o que deu um outro alento teatral à actuação do grupo.

Os espanhóis Görrinerh deram aquele que foi muito provavelmente o concerto mais fraco do festival. Apesar do ar bastante peculiar das suas máscaras, e da presença das bailarinas em palco, não foram capazes de convencer muitos dos presentes, levando até que alguns abandonassem a sala. No entanto, houve uns quantos resistentes que lá se aguentaram e acabaram por fazer a festa.

Perante uma sala já completamente cheia, os Analepsy demonstraram uma vez mais o porquê de terem sido considerados a banda revelação de 2014. Foi uma actuação exemplar, muito provavelmente a melhor até agora deste jovem grupo, que contou com muito mosh, crowdsurfing, e até momentos de stagediving protagonizados pelo vocalista, do ínicio ao fim. A setlist não fugiu muito ao que tem sido habitual, destacando-se a cover de Pathology e a participação especial do vocalista de Brutal Brain Damage na música “Genetic Mutations” . Fica no ar questão, para quando um EP destes meninos?

Brutal Brain Damage entraram em palco para o concerto de despedida da formação original do grupo.  Apesar de alguns pequenos momentos de atrapalhação com a setlist pelo meio, foi um concerto em grande, como é habitual por parte destes. O público reagiu bem e a festa, com muitas máscaras lá no meio, foram uma constante. A setlist contou com alguns dos clássicos do grupo como “Pussy Grinder”, “Brain Soup” e “Le Couchon Savage”, fizeram as delícias dos presentes.

Raw Decimating Brutality vieram encerrar a primeira parte das hostilidades. Em onda de continuação do ambiente de brutalidade iniciado nas bandas anteriores, o comportamento do público foi mais do mesmo. A banda não deu tréguas do ínicio ao fim, e brindou-nos como alguns dos seus temas mais conhecidos, como “Napalm na Obra” e “Calhau no Quintal”. Contou também com a presença de duas bailarinas em fatiotas deveras sugestivas e um membro do público como bailarino masculino improvisado à procura de atenção.

VxPxOxAxAxWxAxMxC, a banda austríaca de nome quase impronunciável, deu inicio à segunda parte da noite. Depois de uma pausa para jantar e reestabelecer as energias, a banda entrou com toda a pujança em palco, perante uma casa muito cheia, e o caos instalou-se. O mosh estava mais violento que nunca, e o stage diving e o crowdsurfing eram uma constante. Era uma visão quase carnavalesca, mosh com pessoal mascarado debaixo de uma chuva de serpentinas vindas de uma das galerias. O concerto contou ainda com muitos interlúdios com música eletrónica que fizeram o pessoal dançar, e uma participação de um elemento do público, a fazer os vocals de uma das músicas. Este espetáculo foi sem dúvida um dos pontos mais altos do evento.

Jig-Ai era para muitos um dos momentos mais aguardados da noite. Cm um novo álbum lançado o ano passado, “Rising Sun Carnage”, o grupo checo de goregrind não desiludiu. Em continuação do ambiente de festa começado no espetáculo anterior, a zona em frente ao palco tornou-se numa autêntica batalha campal, onde chegou a haver quem fizesse crowdsurfing dentro de um barco insulflável! Foi uma loucura de concerto, que tão depressa não vai ser esquecido. De certeza que cumpriu até as expectativas do mais exigentes.


Em seguida foi a vez de Grog, os grandes senhores do grindcore português subirem ao palco. Com uma setlist extremamente variada e que percorreu todos os lançamentos da sua já relativamente longa carreira, foi um concerto que não desiludiu. Foi uma grande descarga de brutalidade do ínicio ao fim, em que a  banda demonstrou uma grande presença em palco, e o público reagiu a isso da melhor forma.

Prostitute Disfigurement foi para muitos o grande ponto alto do evento. Uma grande bujarda de brutalidade do inicio ao fim, que não deu tréguas, e que não deixou com que o cansaço do pessoal se notasse. Estes apresentaram o seu mais recente álbum de originais, “From Crotch to Crown”, lançado o ano passado. A sua actuação contou tambem com a participação do vocalista de Serrabulho, na música “She’s Not Coming Home Tonight”, e das bailarinas jeitosas e semi-nuas. Foram de uma enormidade tremenda em palco, e no ar ficou a vontade do seu regresso a Portugal.

Aos já sempre presentes Serrabulho, coube a tarefa de fecharem a noite, e estes como já é habitual, não desiludiram. A festa final foi caótica e divertida, e não faltaram máscaras, tanto em cima do palco, como fora dele, e adereços no meio do mosh, nem tão pouco momentos de crowdsurfing. O cansaço era inexistente e a boa disposição dominava o ambiente. A setlist contou com os habituais clássicos da banda, bem como uma música nova do seu próximo álbum, “Star Whores”, a ser lançado este ano. O concerto terminou em altas, com uma grande invasão do palco a convite da banda. 

Foi um evento grandioso e de tremendo sucesso, que contou não só com músicos e bandas de qualidade, mas também com a participação das meninas do Trash Circus, cuja actuação deu um outro toque especial aos concertos e ao ambiente do festival. A organização está de parabéns por ter tornado realidade,  da melhor forma possível e com muito poucas falhas, um evento diferente e que foi muito além da música. Para o ano há mais!


Texto por Rita Limede
Fotografias por Anne Carvalho
Agradecimentos: Live Wire - South Events