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Reportagem: Against Me!, Caves e Roger Harvey @ Paradise Garage, Lisboa - 07/05/2015


Numa noite dedicada ao punk rock, o Paradise Garage esteve prestes a encher para assistir à estreia dos Against Me! em terras lusitanas. E como uma estreia nunca vem só, os norte-americanos fizeram-se acompanhar por Roger Harvey e pelos Caves.

Para primeira actuação, ainda com pouco público para os receber, apresentavam-se os Caves, única banda oriunda do velho continente, mais concretamente de Bristol, no Reino Unido, que se mostrou sempre na  máxima força com o seu punk rock musculado. Este trio de jovens enérgicos e bem dispostos, liderado principalmente por Lou na guitarra e M no baixo, agarrou o espaço, a pouco a pouco, com uma sonoridade cheia de speed, e para isso contribuiu muito o seu último álbum "Leaving", lançado em 2014, do qual a banda tocou temas como "Sad", o mesmo com que a banda iniciou a sua actuação, pondo os presentes em sentido. A banda não se ficou só por aqui, já que foi beber a álbuns anteriores com malhas como "Sad" ou "Work", preenchendo assim uma actuacão com ritmos bem rápidos, quase sem interrupções, a não ser para agradecer àqueles que vibraram com o seu som e às bandas restantes.

Os Caves conseguiram em meia hora subir aos céus e agradar aqueles que talvez os escutavam pela  primeira vez, deixando um excelente cartão de visita, levando também à conclusão que as sementes do punk lançadas no final da década de 70 no Reino Unido continuam a dar frutos, e este conjunto é um bom exemplo disso. Com um registo mais alternativo, ou menos punk, subiram ao palco Roger Harvey e os seus Wildlife,  que salientou o facto de estar "fuckin" feliz por estar em Lisboa. Num ambiente a puxar ao romantismo, a banda enfeitou a sua performance com os seus temas mais conhecidos, a saber "City Deer", "Halloween", ou "Lovers Can Be Monsters". Ao ritmo do seu quase pop-rock, a banda prosseguiu a sua actuação entre melodias calmas, cuja plateia feminina agradeceu, ovacionando com entusiasmo, e melodias fortes, que puseram o resto da plateia a vibrar. Apesar da quebra na toada do punk, Roger Harvey conseguiu cativar o público com a energia que despendia em cada tema, e fez da sua actuação uma excelente banda sonora para uma geração que se quer livre de conflitos e pronta para amar o próximo, não de forma religiosa, mas sim à boa maneira rock n´roll.

Faltava pouco para as 22:30, quando os fãs dos Against Me! começaram a aglomerar-se em frente do palco, já que aguardavam impacientemente pela estreia dos norte-americanos. A banda liderada por  Laura Jane Grace, outrora Tom Gabel, veio com a intenção de apresentar o seu último trabalho  “Transgender Dysphoria Blues“, mas também de dar um concerto memorável, uma vez que dispunham desta única data em solo nacional. Assim que Laura Jane Grace acenou para o público e se fizeram ouvir os primeiros acordes de "I Was A  Teenage Anarchist", o público explodiu em delírio. E assim foi durante o concerto. Seguiram-se mais temas conhecidos como "White Crosses", a muito biográfica "True Trans Soul Rebel" ou  "Cliche Guevara" do álbum "As The Eternal Cowboy", lançado em 2003, cujo refrão "A new way on" foi  entoado até à exaustão, o que revelou que os fãs tinham a lição bem estudada. Entre trocas de guitarra eléctrica e guitarra acústica para temas como "How Low", Laura Jane Grace  cativava o público com a sua energia, contagiando o resto da banda. A plateia movia-se com entusiasmo e não parou, mesmo quando a banda saiu, por instantes, do palco, para voltar para um encore de mais quatro músicas, terminando a actuação com "Sink, Florida, Sink". Perante uma merecida ovação, os Against Me! despediram-se depois de já terem afirmado que queriam voltar, garantindo uma grande e coesa actuação, mantendo assim vivo, e bem vivo, o verdadeiro espírito do punk.


Texto por Bruno Porta Nova
Fotografias por Igor Ferreira
Agradecimentos: Prime Artists