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Heavenwood - "The Tarot Of The Bohemians" Review


Heavenwood é um nome de peso no panorama nacional e um novo disco é razão de curiosidade. Irregulares nas suas edições, este é o quinto longa duração quando passam vinte anos sobre o primeiro. Instáveis na formação, os portuenses atingiram muito cedo na sua carreira um estatuto de banda internacional, sendo mesmo uma das primeiras a obter esse nível. Esse feito rendeu fãs um pouco por todo o lado e em vários campos do Metal, muitos ainda hoje persistem na cena e recebem avidamente cada trabalho do grupo, mesmo que o som do colectivo tenha variado ao longo do tempo, pois o grupo que tem sabido evoluir, em lugar de repetir fórmulas do passado.

Com este “The Tarot Of The Bohemians” está-se perante o mais interessante e ambicioso trabalho desde “Diva”, não só pela abordagem conceptual, mas também porque é o disco mais Metal até ao momento, com muita responsabilidade nas baterias de Daniel Cardoso (Anathema) e Franky Costanza (Dagoba), reforçadas com a guitarra de Vítor Carvalho, dos Demon Dagger e há algum tempo a integrar o colectivo portuense. É também um disco que vai a diversas áreas, colhendo diversos elementos, seja na entrada de guitarras Metal de “The Pope”, na abordagem melódica da soberba “The High Priestess”, com Sandra Oliveira, dos Blame Zeus, ou no breve piscar de olhos a guitarras do black em “The Emperor”.

Com uma produção cuidada e uma orquestração que vai ao pormenor, o disco pode ter aqui o seu calcanhar de Aquiles, quando os temas transitarem para o palco, onde, como Ricardo Dias, explicou em recente entrevista, o quinteto irá utilizar samplers. Um dos casos em que tal deverá acontecer, será a faixa “The Hermit”, com a presença de Fadi Al Shami, da banda Aramaic, do Dubai, onde o grupo deu um dos seus recentes e escassos concertos.

“The Wheel Of Fortune” é, talvez, dos temas mais próximos do som clássico de Heavenwood, com um solo de guitarra que podia estar perfeitamente em “Swallow”. O mesmo acontece com “Strenght”, outro dos temas inseridos neste disco inspirado no ocultista francês Papus e os seus estudos relacionados ao Tarot, em que cada tema corresponde a uma das cartas do Tarot de Marselha, num total de doze temas, ficando os restantes para um segundo disco, que a qualidade deste tornará complicado de escrever. 

Com vinte e cinco anos de carreira, os Heavenwood possuem aqui um disco que está longe de ser inovador e romper com estilos, antes é uma abordagem que concilia estilos e se destina ao ouvinte que prefere a qualidade à inovação, a segurança do bom velho Heavy Metal, à indefinição do inovador. Um sólido candidato a disco do ano, um bom exemplo de como envelhecer.

Nota: 9/10

Review por Emanuel Ferreira