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Entrevista aos Obscura

A Metal Imperium teve a oportunidade de entrevistar Linus Klausenitzer, o baixista do grupo alemão de technical death metal Obscura acerca do seu novo álbum, “Akróasis”, lançado no início do mês de Fevereiro. Este foi o resultado:

M.I. - “Akroásis” é o vosso primeiro álbum no espaço de cinco anos, e o quarto da vossa carreira. O que mudou nestes últimos anos?

Eu juntei-me aos Obscura há cerca de cinco anos, pouco tempo após o lançamento do álbum “Omnivium”. Nós passamos por muita coisa todos os anos. Andámos muito tempo em tour, lançamos a compilação “Illegimitation”, mudámos a nossa formação e escrevemos muitas músicas novas. Estes último dois anos em especial sugaram-nos muita energia, tanto que agora é um alívio ver que todas decisões difíceis e trabalho árduo compensaram. Parece que estamos de volta mais fortes que nunca. Eu prometo que o próximo álbum não vai outra vez demorar cinco anos a ser lançado.


M.I. - Tendo em conta que são uma banda de technical death metal e este é um estilo que está longe do mainstream, alguma vez esperaram ter toda esta projecção?

Eu creio que ninguém foi capaz de prever o quão popular o technical death metal se tornou. Nós temos feito imensas tours e estamos numa excelente editora, e tivemos a sorte de estar no local certo à hora certa. A internet mudou por completo as regras do jogo, em especial no que toca aos sub-géneros do metal. Uma banda como os Obscura nunca iria ser grande apenas a vender algumas cópias físicas num número limitado de países, como acontecia há 20 anos atrás. Graças às redes sociais toda a gente, um pouco por todo o mundo, ficou a conhecer o nosso trabalho.


M.I. - Como é que descreves este novo álbum, musicalmente falando?

Tendo em conta que nos dias que correm a parte da inovação está em falta na maioria das bandas, creio que nós fomos capazes de criar aqui um som único e muito próprio. Neste álbum tentamos focar-nos numa das ferramentas mais importantes da composição musical, a dinâmica. Conseguimos criar música que nos dá espaço para respirar no meio das partes mais técnicas, tem riffs mais pesados mas ao mesmo tempo tem partes mais “limpas” e melódicas. Consegues ouvir elementos novos, como uma guitarra fretless e partes mais “polidas”, entre outras coisas.


M.I. - Apesar de o álbum ter sido lançado há relativamente pouco tempo, qual tem sido o fedback recebido por parte da crítica e do público em geral? Era o esperado?

Até agora, as críticas têm sido fantásticas. Eu comprei há dias uma revista alemã de metal, e na parte das tabelas deles estavamos mais bem cotados que outras bandas como por exemplo Megadeth ou Dream Theater.


M.I. - O título do álbum, “Akróasis” é uma palavra grega que significa ouvir/escutar. Qual o porquê de o terem escolhido?

O filósofo e matemático grego Pitágoras tinha uma teoria em que defendia que o universo estava construído sob a forma de uma estrutura harmónica definida pelo som, que se cria por si mesma. No livro “Akroásis” o professor Hans Kayser entra em detalhes acerca da mesma.


M.I. - Então o álbum tem um conceito específico por detrás?

Sim, o “Akroásis” é o terceiro álbum conceptual de um total de quatro, que fala acerca do ciclo de vida do universo. O primeiro álbum deste conceito, “Cosmogenesis” fala sobre a formação, o segundo, “Omnivium” fala sobre as primeiras transformações. Agora este, o terceiro, foca-se na parte filosófica e do começo da reflexão. A teoria matemática de Pitágoras encontra o seu espaço nas nossas letras, e um pouco pela nossa música também. O instrumento “monochord” foi o elemento perfeito para demonstrar a harmonia base desta teoria.


M.I. - Passando agora ao artwork. O significado deste está relacionado com o conceito? Quem foi o autor?

A capa do nosso ábum é da autoria do designer Orion Landau, que também desenhou as capas dos álbuns anteriores a este. Na capa deste novo registo, podemos encontrar o conceito dos 4 álbuns bastante presentes no desenho final, tal como nos anteriores. A capa azul do “Cosmogenesis” está relacionada com a frieza e a solidão do início deste ciclo de vida, a do “Omnivium” é verde pois significa evolução e transformações. Por sua vez, a do “Akroásis” está em tons de bronze e mostra cenários desertos e alguns elementos dos álbuns anteriores para os quais podes olhar para trás, os polígonos são a demonstração visual da estrutura harmónica que envolve o planeta.


M.I. - Como é que se desenrolou o processo de escrita e composição do vosso novo álbum?

Mudou bastante. O tempo de escrita e de composição das músicas para este álbum antes da entrada em estúdio foi bastante longo, algo que nunca tinha acontecido. Escrevemos muitas músicas em casa, tivemos sessões via Skype e encontrávamo-nos de tempos a tempos para discutir algumas ideias. Depois disso trabalhamos em versões distintas de cada música para obtermos os melhores resultados possíveis. Por exemplo, tenho cerca de 15 ficheiros do GuitarPro diferentes só para a música “Perpetual Infinity”. Antes da parte principal da produção e gravação, gravamos demos para cada uma das músicas, que analisamos e discutimos à exaustão.


M.I. - Neste novo álbum têm vozes “robóticas”, tal como os Cynic costumavam ter nas suas músicas. Como é que reagiram à notícia de que eles tinham terminado a sua carreira? Estes efeitos vocais no vosso novo álbum foram uma homenagem à banda e ao seu som único?

Não foi a primeira vez que usamos este efeito “vocoder” nas músicas, embora desta vez esteja muito mais presente. No entanto creio que sim, de certa forma foi feito com a intenção de homenagear os Cynic e aquilo que eles significam para nós enquanto músicos. Eles são uma grande influência para nós enquanto banda. Na minha opinião acho que foi trágico o modo como eles acabaram, eu achei o último álbum deles excelente. Em especial, e sendo eu próprio baixista também, o trabalho que o Sean Malone faz com o baixo no álbum, na minha opinião, é excepcional. Espero sinceramente que eles consigam resolver quaisquer que sejam os seus problemas pessoais e que voltem a fazer música excelente, independentemente das formações em que estejam.


M.I. - O nome Obscura vem do álbum de Gorguts, de 1998, com o mesmo nome, correcto? Além deles e dos Cynic, quais são as vossas maiores influências?

Sim, é verdade. Os Death e Morbid Angel, além das mencionadas, continuam a ser algumas das maiores influências do Steffen (guitarrista/vocalista). Normalmente eu não tenho noção que uma determinada banda esteja a influenciar o meu carácter musical pessoal, por isso não sei bem o que responder. Mas tenho a certeza absoluta que sou influenciado directamente pelas pessoas com as quais trabalho e componho música. Graças ao facto de estar já há 5 anos em Obscura, o processo de escrita/composição musical tornou-se algo bastante natural em mim.


M.I. - Quais são os planos para o futuro próximo? Uma Tour europeia está incluída?

Depois de todo o trabalho de promoção do álbum estar concluído, vamos voltar à estrada, tendo já algumas datas marcadas com os DTA em Março e Abril. Vamos fazer alguns concertos na Indonésia, Eslovénia, Alemanha, França e Israel. Ainda estamos em processo de organizar ideias e a planear as próximas tours, mas tenho quase a certeza que uma headliner tour pela Europa vai estar incluída nos nossos planos mais para o final deste ano. Espero mesmo que tenhamos a oportunidade de incluir pelo menos uma data em Portugal. Tenho memórias excelentes de um concerto que demos em Lisboa no ano de 2011, como parte da tour com Hate Eternal. O público foi fenomenal.


M.I. - Gostarias de deixar alguma mensagem para os vossos fãs e os nossos leitores portugueses?

Obrigado a todos pelo vosso apoio! Espero que gostem do nosso novo álbum e será uma grande honra encontrar-vos futuramente num concerto!

Entrevista por Rita Limede