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Terra Tenebrosa - "The Reverses" Review


Para descrever por palavras este trabalho dos Terra Tenebrosa, deveria ser alguém como Edgar Alan Poe ou Alfred Hitchcock, eles sim fariam jus às paisagens negras e obscuras que são aqui descritas por uma sonoridade que só pode vir dos cantos mais tenebrosos da mente humana. Farei o meu melhor para mergulhar bem dentro do abismo negro e descrever o que ouço neste álbum. 

Os Terra Tenebrosa são um grupo de Avantgarde Metal proveniente de Estocolmo, na onda de Deathspell Omega e Blut Aus Nord. Formados em 2009 dos restos de uma banda chamada "Breach", este é o seu terceiro álbum de originais. Os elementos sonoros encontrados aqui neste "The Reverses" são mesmo muito diversos, desde  ambientes em jeito de banda sonora de filme de terror psicológico até ao black metal industrial.

O álbum começa com "Makoria", um entrelaçado de várias vozes possessas proferindo palavras imperceptíveis que soam a discurso demoníaco. Dá-nos logo à partida o estado de espírito com que iremos prosseguir. E é com "Ghost at the end of the rope" que prosseguimos, um tema directo ao assunto, ritmado e pesado. O mais curioso é ouvir alguns efeitos na voz que a faz parecer com afiar de lâminas que vocalizam as letras da música na batida certa. Excelente início de álbum. Em seguida temos "The end is mine to ride", aqui continuamos com ritmo mid tempo  cadenciado por uma muralha de som que as guitarras nos deixam viciados pelo tom das mesmas e pela voz áspera, meio sussurrada deste demónio multifacetado de vocalista. Destaque para o trabalho de guitarras que esculpem grande parte do ambiente com harmonias dissonantes.

Em temas como "Where the shadows have teeth" a influência industrial é notória mas sempre no lado obscuro da vida, acabando com sons de um instrumento de cordas desafinado esquizofrénico. "Exuvia" brinda os nossos delírios psicóticos, por esta altura já bem estabelecidos, com uma melodia macabra conjunta com vozes que chegam em alguns momentos a parecerem-se com o rosnar de cães de grande porte. Este tema termina com o cantarolar alegre e distante que evoluí subtilmente para uma cantoria desafinada e obscura, uma mudança estranha de ambiente que mais facilmente vemos a acontecer em muitos dos nossos sonhos mais esquisitos.

A excursão pelo negrume deste trabalho termina com "Fire Dances". Com uma voz que deambula entre os graves e os agudos, temos aqui um andamento cavalgante da secção rítmica conjugado com o respectivo ambiente negro criado pelas guitarras. Ainda ouvimos também vozes do além que surgem momentaneamente para partilhar a sua agonia. Todas estas sonoridades resultam num conjunto intrincado de música que parece levar-nos a uma visita guiada ao inferno. A música termina num riff de guitarra repetitivo, com vozes indefinidas de fundo e uma percussão vigorosa, em tom de chegada ao fim desta viagem pelas diversas paisagens decadentes e obscuras.

Existe música de altíssima qualidade nos dias que correm, tal como o ouro, diamantes, e outras pedras preciosas que se encontram nas entranhas da Terra, estas obras de arte estão também no underground!

Nota: 9.5/10

Review por Filipe Gomes