Num ano com tantas edições discográficas, há espaço para veteranos e novatos. Os trofenses Lyzzärd são uma agradável surpresa entre os juniores, mostrando querer disputar o mesmo campeonato que os veteranos da cena.
M.I. - Quem são os Lyzzärd? Quando se formaram?
Os Lyzzärd são, antes de mais, um grupo de amigos. E não há nada melhor do que poder ter um projeto e fazê-lo crescer desta forma. A banda, com a sua formação atual, existe desde 2013: Tiago na voz, Ricardo na guitarra solo, Ted na guitarra ritmo, Margarida no baixo e David na bateria.
M.I. - Vocês são todos da Trofa. Conheceram-se como músicos ou foram os amigos que aprenderam a ser músicos?
Foi um pouco dos dois, a banda começou com o David e o Tiago, que já tocavam (bateria e guitarra), e entretanto o Ricardo começou a aprender e a tocar com eles. Com isto formaram uma banda, o David, os irmãos Tiago e Ricardo e um primo deles que também tinha aprendido a tocar baixo (Daniel Azevedo). Entretanto a banda foi mudando, o Daniel saiu e a Margarida (que já conhecia os membros) aprendeu as músicas, e aprendeu a tocar baixo, para que pudessem gravar o Ep. Meses depois de ter entrado a Margarida, entrou também o Ted, já nosso amigo e antigo membro da banda The Sponsors.
M.I. - Apostam num Heavy Metal mais clássico, retro até. Quais as vossas influências?
Nós gostamos de música! Sendo estilos fora ou dentro do metal, acabamos todos por nos encontrar nos clássicos. Bandas como Judas Priest, Tokyo Blade, Mercyful fate, etc, serão sempre uma inspiração. No entanto, as nossas influências pessoais vão desde o hard rock ao black thrash facilmente.
O álbum não foi criado propositadamente para ser uma peça de heavy metal retro, simplesmente foi acontecendo pelo contributo de cada um de nós. Geralmente nem nos apresentamos dessa forma, há pessoas bastante religiosas em relação a esse tipo de denominações [risos]!
M.I. - Isso significa que se podem esperar temas dentro de outros estilos, por exemplo o thrash, já que não é segredo haver uma grande amizade entre vocês e os Wanderer?
Não gostamos muito de pensar nisso, na verdade. Gostamos mais de descobrir o que estamos a fazer quando estamos a compor, e não compor a pensar num estilo específico. Tudo depende do que estivermos a ouvir mais enquanto vamos construindo as músicas.
Não me parece que, apesar da nossa amizade com os Wanderer, nos aproximemos mais do estilo que eles toquem por essa razão. Considero-os com um som mais cru e mais old school do que o nosso, isto no bom sentido claro.
M.I. - Afirmam que acabam por se encontrar nos clássicos, mas sendo todos vocês muito novos, não deixa de ser estranho referirem nomes surgidos bem antes de nascerem. Como chegaram aí?
Acho que acabamos por chegar a essas bandas através dos clássicos que acabam por ser conhecidos por toda a gente, muitas vezes por influência dos nossos familiares.
No caso de bandas menos conhecidas, eu acabei por encontrar a maioria delas nas sugestões do youtube, a partir daí acaba por ser um ciclo vicioso. Descobrem-se mais e mais bandas que provavelmente não teria acesso tão facilmente. Para além disso também tive muitos amigos que me mostraram.
A partir daí, foi descobrir a partir de vinis, cds, partilha de bandas em comum entre os Lyzzard, conversas com pessoas que apreciam o estilo, pesquisa no youtube, uma boa forma de conhecer novas bandas, ou até mesmo em lojas. Há uma loja em específico onde trabalha um grande amigo e apreciador de música que nos mostrou imensa coisa. Falo do António, mais conhecido como Dj Ozzy.
M.I. - Como tem sido a recepção ao vosso disco?
Melhor do que esperávamos. Até agora só recebemos críticas muito positivas, quer em relação à composição dos temas, assim como à produção dos mesmos. O mais engraçado têm mesmo sido as comparações que têm surgido, em relação à voz do nosso vocalista, no canal de youtube NWOTHM. São bastante díspares. É mesmo interessante tentar entender a interpretação dessas semelhanças.
M.I. - E como está a ser a procura? Corresponde ao esperado?
Neste momento estamos muito próximos de esgotar os primeiros cds. Temos sentido muita procura fora do país. Cá em Portugal nem tanto, mas está a ser muito positivo ainda assim.
As captações de voz e bateria foram feitas num estúdio no mesmo edifício onde ensaiamos. As restantes captações fizeram-se na nossa sala de ensaios. No entanto, o trabalho foi todo feito pela mesma pessoa, pelo André Ribeiro, e estamos super-contentes com o resultado, aconselhámos sem dúvida o trabalho dele.
M.I. - Quanto tempo demorou tudo isso?
Entre a pré-produção e o lançamento final, demorámos cerca de 6 meses. Consideramos que este momento (a pré-produção) foi extremamente importante, porque só assim conseguimos perceber o que estava ou não a resultar, e desta forma, conseguimos fazer algumas alterações, na verdade metade de uma música foi praticamente alterada.
M.I. - Dentro de semanas vão actuar na primeira parte de Omen, também eles uma banda clássica. Como estão a ver isso?
Ficamos muito entusiasmados quando recebemos o convite para ser “opening act”. Mas partilhar palco com uma banda bem conhecida por nós, e com a bagagem que têm, acaba por nos deixar com um friozinho na barriga, principalmente por sermos ainda umas crianças no mundo do metal e de estarmos apenas agora a construir um percurso mais sólido. Há de ser uma ótima experiência e uma bela noite de concertos.
Entrevista por Emanuel Ferreira