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The Ruins of Beverast - "Exuvia" Review


No passado dia 5 de maio, os The Ruins of Beverast, a one-man-band do alemão Alexander von Meilenwald, ex-baterista dos Nagelfar, lançaram o seu quinto álbum, intitulado “Exuvia”.

Continuando a fusão de Atmospheric Black Metal com Doom Metal, é claro, desde o início, para os conhecedores deste projeto, que “Exuvia” consiste numa progressão lógica de como o seu som tinha vindo a evoluir desde o monolítico opus, “Rain Upon the Impure”, lançado em 2006, apresentando-se ainda mais focado nas passagens melódicas e elementos progressivos e tribais. 

Outro aspeto importante e muitas vezes negligenciado, a capa do álbum, que apresenta uma ilustração tribal fantástica pintada em tons de roxo que se adequam em completo ao som e às atmosferas criadas neste álbum. Esta capa, como tema tribal, encaixa na perfeição com o tema recorrente do álbum, a guerra entre o Homem e a Natureza e os espíritos dos nativos, aos olhos de Meilenwald, claro. 

Abrindo o álbum com uma épica composição de 15 minutos, a title-track, percebemos logo o som que Alexander procurou alcançar com este álbum. A guerra entre o Homem e as bestas começa, com uma densa atmosfera, riffs arrastados e hipnotizantes que induzem o ouvinte num profundo estado de transe e as já típicas explosões implacáveis de Black Metal puro e agressivo. Esta música é o modelo de como o álbum se irá desenrolar, sendo complementada por cânticos ritualísticos, padrões de percussão tribais, leads extraordinárias e misteriosas samples que enriquecem a atmosfera, nunca se tornando monótona.  

As duas faixas seguintes seguem portanto uma fórmula muito semelhante, até chegarmos à quarta composição deste álbum na qual, como ouvinte, fui apanhado de surpresa. Começando com uma intro lenta e agradável contendo melodias celtas de gaita-de-foles, esta música progride para o momento mais upbeat em toda a discografia deste projeto, com um som quase desconfortantemente otimista. Não deixando de ser atmosférica, esta é a faixa mais acessível do álbum mas que apresenta uma complexidade extrema de composição; desde os cânticos em êxtase da mastermind deste projeto, ao interlúdio psicadélico, à bridge irreverente de Black Metal épico e aos tremendos vocais femininos, esta música destaca-se pela sua singularidade. 

O álbum aproxima-se então do seu fim chegando às duas últimas faixas que representam o culminar e o pico da influência tribal nativo-americana presente nesta obra. A penúltima música, “Towards Malakia”, começa com uma mística nota de flauta seguida de cânticos tribais para posteriormente se desenvolver à volta de riffs hipnotizantes, interpolados pelos riffs de Doom Metal austeros a que os Ruins já nos acostumaram e terminar mais uma vez com percussão e cânticos de guerra índios. Finalmente, o álbum fecha em perfeição com a “Takitum Tootem! (Trance)”, a qual se pode referir como uma “adaptação” a Doom Metal de uma música nativo-americana; sendo repetitiva e ritualística, esta faixa representa o cessar da batalha, a expurgação do mundo e o triunfo da Natureza sobre o Homem. 

Concluindo, mais uma vez os The Ruins of Beverast voltaram em força neste álbum, que considero que assinala o culminar do som que procuraram alcançar nos últimos dez anos. Uma obra-prima em toda a sua essência e um essencial deste ano. Certamente um dos grandes candidatos a álbum de 2017. 

Nota: 9.3/10

Review por Filipe Mendes