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Reportagem: Papa Roach e Ho99o9 @ Coliseu de Lisboa - 17/10/2017


Os Papa Roach regressaram a Portugal após 15 anos desde o seu último concerto por cá, também no Coliseu de Lisboa. Vieram sob pretexto de apresentação do novo álbum, “Crooked Teeth”, mas a noite foi muito para além disso. A primeira parte do evento esteve a cargo dos também norte-americanos Ho99o9.

Os Ho99o9 estrearam-se no nosso país no passado mês de Agosto, no festival Paredes de Coura, e trouxeram consigo o seu primeiro longa-duração, “United States Of Ho99o9”. Se tivermos de resumir a sua sonoridade numa única palavra, horrorcore será, muito possivelmente, a mais acertada. Juntam hip-hop, punk, hardcore e um pouco de industrial - a mistura é explosiva. Os músicos theOGM e Eaddy quase que competiam para ver quem se contorcia mais em palco. Destaque para o jogo de luzes em alguns momentos, que ajudou a compor um ambiente aterrador, complementado por um som comum a quase toda a atuação que se assemelhava ao de uma serra elétrica. Resumindo: a seguir a esta atuação, estávamos prontos para visitar o MOTELx. A julgar pela reação do público, o grupo norte-americano era desconhecido da grande maioria. A receção não foi propriamente calorosa – mas não é que os norte-americanos o tenham sido também…por razões óbvias!

Contrariamente à primeira atuação, mal os Papa Roach entram em palco, ao som de “Crooked Teeth”, tema-título do novo álbum, podemos dizer que o público ficou eufórico. Um público bastante heterogéneo, variando entre os adolescentes que descobriram a banda há pouco até aos mais velhos, que vieram ver ou rever a banda norte-americana e, talvez, recordar os seus próprios tempos de adolescência. Nesse sentido, seguiram-se “Getting Away With Murder” e “Between Angels and Insects”. Nesta última, a banda conseguiu arrancar o primeiro circle pit ao público e o vocalista Jacoby Shaddix já suava em bica. É de referir a excelente performance do músico, cuja voz parece não ter sofrido com o passar dos anos e mostrando-se bastante potente ao vivo, independentemente do registo em que cantava. Depois de “Face Everything and Rise”, bastante aplaudida pelo público, Shaddix referiu ser bom estarem de volta a Portugal, depois de tanto tempo desde o último concerto.  “Born For Greatness” foi, muito possivelmente, o tema mais aplaudido do novo registo: foram muitas palmas, bouncing (como Shaddix pediu algumas vezes), crowdsurf…uma verdadeira festa. Terminado este tema, o público gritou pelo nome da banda vezes sem conta até que regressassem ao palco, com a contagiante “She Loves Me Not”.

Chegou o “momento das baladas”: em “Scars”, o público acompanhou Shaddix nas letras e foi aprovado com distinção; “Periscope”, faixa do novo álbum e que conta com a participação de Skylar Grey, mostrou-se mais pesado ao vivo do que na versão de estúdio; por último, “Gravity”, onde muitos fãs criaram um ambiente envolvente com as luzes do telemóvel ou isqueiros a mover-se no ar. E de que forma íamos regressar à agitação do início do concerto? “Wooohooooo!”. Sim, com “Song 2”, cover dos Blur e que não deixou ninguém indiferente. Em “Traumatic” pareceu que, por momentos, estávamos num concerto de Slipknot, não só pelo instrumental do tema mas porque Shaddix pediu ao público para se baixar no recinto e, posteriormente, levantar-se em grande estilo, provocando um circle pit respeitoso. Em “Forever”, a banda mencionou o quão sentiam a falta de Chester Bennington, vocalista dos Linkin Park e “um bom homem”, referiu Shaddix, prestando homenagem com um excerto do tema “In The End”. Seguiram-se “Blood Brothers” e “American Dreams”, na qual Shaddix disse “Nós somos os Papa Roach e acreditamos na paz, na Humanidade e em vocês”. “Lifeline” fez regressar a parceria entre o público e Shaddix no que ao ecoar as letras diz respeito,  e “Help” surgiu mesmo antes do encore.

Os Papa Roach regressaram momentos depois com “None of The Above”, a poderosa “Dead Cell” (e mais um, também poderoso, circle pit – sim, houve muitos ao longo da noite), a mais que emblemática “Last Resort” (aqui o Coliseu já destilava, mas sem nunca perder a energia) e, por último, “…To Be Loved”, que veio encerrar uma atuação que passou sem que déssemos conta, e na qual ainda pudemos contemplar Shaddix com orelhas de coelho, mesmo na reta final.

Podemos concluir que os Papa Roach dão um espetáculo e tanto e que, certamente, os portugueses não querem esperar mais uma década e meia por um regresso.

(ver mais fotos de Ho99o9 e Papa Roach)

Texto por Sara Delgado
Fotografias por Hugo Rebelo

Agradecimentos: Everything Is New