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Reportagem: Napalm Death, Deathrite e Besta @ RCA Club - 11/12/17


Mesmo com o final do ano à vista, a agenda de concertos em terreno nacional continua a dar que falar. No passado dia 12 de dezembro decidimos juntar-nos à Hell Xis Agency para receber os Besta, Deathrite e Napalm Death no RCA Club, em Lisboa, para mais uma noite de castigo… mas dos bons. A visita destes veteranos do grindcore repetia-se, mas a verdade é que algumas coisas nunca são demais.

Depois da passagem pela cidade do Porto na noite anterior, foi nesta não tão fria e, como seria de esperar, não tão animada noite de segunda-feira que a motivação para mais uma semana de trabalho nos chegou em tom de grind.

Quando damos por isso já os Besta tinham subido a palco e, não fosse pelas duas bandas que se seguiriam, pouco teria sobrado depois da sua atuação. Uma banda com uma agenda bastante preenchida para este final de ano e que a cada concerto nos tem vindo a relembrar que o underground português se mantém rico em talento e trabalho. Ao nível de tantas outras, entregaram-nos uma performance abominável e instigadora, mas acima de tudo coerente, fruto de uma máquina bem oleada, consequência da colaboração entre os membros da banda em numerosos projetos. Foram o ingrediente perfeito para aquecer uma sala já bastante composta, pronta para entrar em ebulição.

Desta tour fizeram também parte os germânicos Deathrite e o seu death metal com um gostinho a grind. Esta foi a primeira visita da banda a território lusitano e, mesmo sem se demonstrarem particularmente conversadores ou interativos, proporcionaram muitos bons momentos ao público presente. Com uma fórmula sem espaço para grandes surpresas, destacou-se a guitarra em alguns momentos-chave e a atitude do vocalista, sempre a tentar que os seus refrões se fizessem acompanhar. Impulsionaram as primeiras tentativas de movimento na sala, mas os presentes pareciam querer conservar toda a energia possível para o que se seguiria.

Sem espaço para grandes demoras apagaram-se as luzes que iluminavam já um enorme banner com o nome da banda, ouviu-se a intro de “Apex Predator – Easy Meat” e voltou a iluminar-se o palco para receber os quatro elementos de uma das bandas mais emblemáticas do metal extremo. Haris, Herrera, Embury e Barney entraram em palco e o caos instalou-se em menos de um piscar de olhos. Com os primeiros blast beats chegaram também os primeiros stage divers e durante cerca de uma hora de concerto só se sentiu aumentar a entropia na sala, dentro e fora do moshpit. Com uma setlist incapaz de deixar qualquer fã dos britânicos, ou mesmo grindcore aficionado, indiferente, ouviu-se de tudo um pouco, entre temas do seu mais recente Apex Predator – Easy Meat” e o seu tão conhecido álbum de estreia “Scum”. Poucos são os que procuram uma performance desta banda sem esperar por uma, duas ou (normalmente) mais intervenções de Barney no que respeita às visões sociais e políticas da banda. Como tal, não puderam faltar algumas palavras sobre liberdade, religião e influência dos media e governo naquilo a que chamamos mundo atual, devidamente colocadas entre “Scum”, “Suffer The Children”, “From Enslavement To Obliteration” e as covers “Nazi Punks Fuck Off” de Dead Kennedys e “Victims Of a Bomb Raid” de Anti-Cimex. Daquelas bandas de que nunca será possível dizer ou ouvir que já se viu vezes demais. Um início de semana atribulado, mas reconfortante.

Texto por Andreia Teixeira
Agradecimentos: Hellxis