Wrath Sins é um dos novos nomes fortes do Metal nortenho. «The Awakening» foi editado em finais de 17 e marcou o início de uma digressão nacional que ainda perdura. A Metal Imperium foi descobrir mais sobre este colectivo e o seu novo trabalho.
M.I. - Segundo longa-duração e uma mudança de formação. Como se passou a mudança de baterista?
Um duro golpe, foi aquilo que sentimos no momento da mudança. Cinco anos, os mesmos quatro “miúdos” que cresceram, evoluíram e se moldaram mutuamente como músicos. A saída do Márlon, para lá de todas essas implicâncias tinha surgido na pior/melhor fase possível, num desfecho de sucesso da tour promocional ao nosso «Contempt Over The Stormfall» no RCA CLUB em Lisboa e a quando da entrada para as gravações do «The Awakening». Foi um revés nas nossas intenções, que nos colocou um travão momentâneo, mas que em nada nos poderia fazer abrandar. Infelizmente razões profissionais ditaram a sua saída, mas de um momento muito complicado, conseguimos torná-lo em algo de que nos orgulhamos imenso, num sentido de superação e aprendizagem. Tivemos a oportunidade de trabalhar com um dos melhores bateristas nacionais, como é o caso do Eduardo Sinatra, que fez um trabalho incrível durante todo o processo de gravação do novo álbum, para lá de termos tido a experiência de tocar com vários e distintos bateristas, quando das respectivas audições, que ajudou a tornar-nos melhores e mais versáteis. Acabamos por ter a sorte de encontrar alguém como o Diego Mascarenhas, que prima pela dedicação e foco, indo ao encontro dos nossos objectivos e visão, e com ele sentimos que a banda caminhava na direção certa e se sente mais firme que nunca.
M.I. - Como descreverias a evolução entre os dois discos?
Como referi anteriormente, sentimos que evoluímos imenso durante a tour promocional ao «Contempt…» e que essa evolução está espelhada no «The Awakening». Um álbum mais maduro, mais progressivo, muito mais técnico e mais obscuro. Sabíamos e tínhamos consciência que «Contempt…» demonstrava uma identidade que não se encontra no underground, e essa mesma identidade a cada passo que damos, procuramos tornar cada vez mais singular. «The Awakening» afasta-se mais da veia “thrash” de “«Contempt…» escalando por meios mais progressivos, ambientais, orquestrados. Sendo ele um trabalho conceptual, a interligação faz com que o álbum se torne mais único e mais completo. Mais conhecedores de todo o processo de gravação, captação e composição, “«The Awakening» é um álbum de detalhes, de que me orgulho imenso, que prima pela identidade que procurávamos e roça na pretensão a que nos propúnhamos. Sentimos que a sua recepção, valeu a pena todo o esforço e dedicação, do qual obtivemos um feedback nacional, e principalmente internacional, avassalador.
M.I. - «The Awakening» é um trabalho conceptual, fala-nos disso.
Ao longo de todo o processo de composição deste trabalho, senti-me sugado e transportado para algo acentuadamente obscuro, pesado, sentindo a necessidade de neste segundo álbum tomar controlo de todo o processo criativo e aplicar a minha visão ao longo da composição.
Musicalmente penso que consegui fazer com que o álbum falasse por si, liricamente, vindo de um gosto pessoal, onde a vertente conceptual se acentua, tornou-se quase inevitável esse caminho. Para lá de ser realmente algo arriscado a nível geral de realizar, a nível nacional acredito que seja um passo a dobrar, o que tornou as coisas mais desafiantes, num meio ultra saturado por canções soltas ao criar algo mais emotivo, complexo e distinto, sabia que mesmo que as coisas fossem amenamente aceites, o registo tornar-se-ia de certa forma mais intemporal do que qualquer outra nuance. O conceito de «The Awakening» passa pela deambulação entre o bem e o mal, centrada numa personagem perdida em si próprio, centrada na busca pela verdade dogmatizada, num mundo por si criado, em que sobre os próprios devaneios, acaba por criar um tipo de vida, divindo-se em dois, que por linhas intrínsecas o levam para diferentes caminhos, diferentes realidades e resoluções em que nada é o que parece.
M.I. - A par do disco iniciaram uma digressão nacional que já conta com algumas datas. Como tem corrido? Quais são as próximas datas?
Os últimos 4 meses tem sido fantásticos, iniciamos a «The Awakening Tour» em Março e desde aí, tivemos a oportunidade de percorrer várias cidades, tocando quase todos os fins de semana, Paços de Ferreira, Cascais, Viseu, Aveiro, Viana do Castelo, Marinha Grande etc., o que não é tao usual assim no nosso meio. Mediante todas as dificuldades a nível laboral, etc. estamos imensamente satisfeitos com o que conseguimos até ao momento. O feedback relativo ao nosso «The Awakening» tem sido fantástico, a adesão extremamente positiva, e cada noite que passamos a tocá-lo é uma nova e enriquecedora experiência. Duplamente satisfatório, é sentir que com esta tour, para lá de partilharmos o palco com os nossos grandes amigos Sotz’ em várias datas, e assumirmos as mesmas como tour conjunta, conseguimos dar oportunidades a diversas bandas, numa altura em que cada vez é mais difícil haver oportunidades no underground, onde cada vez se fecham mais os grupos, em núcleos fechados, aliado a casas a fechar e outras com menos condições. Tinha o objectivo de que em cada data, houvesse bandas convidadas distintas e conseguirmos ajudar e levar connosco, novas bandas sem tanta exposição, o agradecimento dos mesmos é incalculável.
Próxima data será em Leiria no Texas Bar, seguindo-se a presença na nova edição do Lord Metal Fest em Agosto. Temos ainda algumas datas não divulgadas e outras em equação, onde procuramos aventurar-nos em algo completamente diferente do expectável, onde acredito que iremos surpreender, mas isso é um assunto para daqui a uns meses.
M.I. - Houve todo um conjunto de boas críticas vindas de fora, como sentiram o vosso ego? Isso abriu portas?
Sentimo-nos surpresos de certa forma, porque embora soubéssemos o trabalho que temos em mãos e a qualidade do mesmo, não contávamos conseguir atingir já um público tão vasto a nível internacional, de onde nos chegaram convites de reviews, entrevistas, radio talks, concertos etc. e que nos encheu de orgulho. Se inflamou o nosso ego ? Não. Se nos deu uma confiança extra, sobre o que vínhamos a fazer ? Sim. Assumidamente abriu portas, portas essas que estão abertas e contamos passá-las em breve. Queremos manter os pés bem assentes no chão, dar um passo de cada vez, fazer aquilo a que nos propusemos e colocar o nome de Wrath Sins no mapa nacional. Nunca quisemos ser mais uma, e com o que temos vindo a fazer acredito que já não o sejamos.
Entrevista por Emanuel Ferreira