Após quase três décadas de existência, os lendários Amorphis estão de volta com o seu 13.º álbum de estúdio ‘Queen of Time’ que será lançado a 18 de maio. A Metal Imperium Magazine falou com o baterista, Jan Rechberger. Vamos descobrir mais…
M.I. - O vosso 13.º álbum 'Queen of time' será lançado na próxima sexta-feira. Como surgiu este nome?
J. – Bem, sabes, existe uma canção chamada 'The Golden Elk', a qual está, de alguma forma, a representar a rainha do tempo (‘Queen of Time’) e logo, obviamente, um certo culto à abelha. Na capa, há uma abelha. É uma metáfora para a abelha rainha, também a rainha de ouros. Não é assim tão profundo. Não é um álbum conceptual, na minha opinião, uma determinada rainha ou algo do género, mas apenas se adapta muito bem à capa do álbum e a algumas das letras, então foi uma escolha bem óbvia, sabes?! Título simples.
M.I. - Como foi o processo de gravação do álbum com Olli-Pekka a substituir Niclas?
J. - Bem, foi muito fácil, sabes. Os baixistas tendem a ser bastante descontraídos e o Niclas é bastante descontraído e o Pekka também é bastante descontraído. Ele é um elemento original da banda e nós conhecemo-lo há 30 anos ou algo assim, de modo que foi bem fácil. Foi provavelmente difícil para ele (...), alguns dias a ensaiar e depois assumir o controlo de 20 músicas novas e ir diretamente em digressão. Mas, a gravação foi fácil. Ele estava mesmo no processo e trouxe muito boas ideias e muitas competições, algumas músicas e foi muito, muito agradável trabalhar com ele outra vez.
M.I. - As vossas letras são relacionadas com a sociedade (a ascensão e queda da civilização). Poderias dizer-nos mais acercas das mesmas?
J - Bem, vai ser difícil porque não sou eu quem está a fazer as letras, mas farei o que puder. Sim, quero dizer, nós temos um tipo separado a fazer as letras, por isso, sim, a ascensão e queda da humanidade é, penso eu, talvez uma breve explicação. É algo assim. Mas, cada música tem, talvez, um significado mais profundo, assim, eu encorajaria vivamente a todos a lerem as letras e, efetivamente, verem como é. Para mim, representam coisas diferentes cada vez que as leio, sabes. Tendem a ter um significado, mas também muitos “sub significados”, se é que me entendes. Por isso, sim, quando o álbum chegar, comprem o álbum, leiam as letras e desfrutem.
M.I. - O novo álbum é mesmo consistente e criativo. Deixa-nos saber mais acerca dos novos elementos, musicalmente falando, e dos vossos convidados.
J. - Sim, quero dizer, a minha opinião é: este é, talvez musicalmente, o álbum mais rico que fizemos até agora. Existem determinados elementos-chave que os Amorphis são conhecidos por, mas há também muitos novos elementos como orquestra, alguns coros e muitos músicos convidados e aparições e é algo que, nós como que demos outro passo em frente com isso, porque nós temos um teclado, flautas, percussão e coisas assim, mas é a primeira vez que temos uma quantidade massiva de aparições e convidados e isso está a levar o álbum a um outro nível, na minha opinião. E, sabes, tendo material massivo, como coros e orquestra. Está a fazê-lo parecer maior do que antes. Sim. Praticamente todos. A ideia, o tipo por trás da ideia, de os ter, foi basicamente o nosso produtor. (…) e houve muitas mais pessoas preparando e gravando em diversos estúdios por todo o mundo. Na nossa escala, na nossa produção massiva, eu diria que estou muito feliz com o resultado. Traz, certamente, algo de novo, quero dizer, se estás a tocar isso, sabes?! Como muitas pessoas disseram ‘Under the Red Cloud’ foi o melhor, o melhor álbum. Como é possível poderes fazer algo novo? Sim, tu podes. Facilmente. Apenas mantém a mente aberta e tenta...
M.I. - Com muito trabalho…
J. - Sim, sabes, é apenas não hesitar em tentar coisas novas, não ter medo. (...) Mas, desta vez, acabámos por ter praticamente tudo e então foi gravado. Eu estou, pessoalmente, muito feliz com o resultado.
M.I. - Agora, o que nos podes dizer acerca do festival de metal ‘Karmoygeddon’?
J. - Bem, foi ótimo. Tocámos lá várias vezes, penso eu. Já é a terceira ou quarta vez ou algo assim. É um tipo de festival pequeno, no sul da Noruega e é muito bom, sabes. As pessoas estão bêbadas, as pessoas estão a divertir-se. O estilo escandinavo. Mas, sim, foi divertido. Foi emocionante para nós, porque basicamente tínhamos estado numa pausa da digressão já há oito meses. De certa forma, tocámos algumas músicas novas pela primeira vez e foi algo interessante. Muito bom. Esgotado e, no geral, foi uma ótima experiência.
M.I. - Quais são as tuas/vossas expectativas acerca dos próximos concertos, festivais e tournée americana?
J. - Bem, mal posso esperar. Como eu disse, tenho estado sentado há oito meses. Nós estamos muito habituados a tournées constantes e estamos realmente a trabalhar muito o tempo todo. Para mim, obviamente, nós fizemos o álbum e depois a promoção, as entrevistas, filmagens, mistura, masterização e tudo. Sabes, isso relaciona-se com fazer um álbum, então, quando estamos em tournée dois anos seguidos ou algo, uma vez que nos habituamos a isso e depois quando acaba, é apenas esperar que alguma coisa aconteça, por isso, mal posso esperar. Estou bastante entusiasmado.
7. O vosso álbum ‘Tales from the Thousand Lakes’ foi épico. Como vês os Amorphis em meados dos anos 90 comparativamente a hoje?
J. - Como eram os meados dos anos 90 comparativamente a hoje? Bastante diferente, bastante diferente. Quero dizer, sabes, foi o nosso segundo álbum. Obviamente, foi um marco para a banda porque praticamente abriu caminho, se é que me entendes, mas sabes, nós éramos novos. Tudo aconteceu tão depressa e começou a nossa turné em expansão e essas coisas, de modo que foi uma loucura e aconteceu. Não era muito profissional. Quando tocávamos ao vivo e não estávamos preparados. Muitas coisas, ao recordar, existem muitas coisas que eu faria de forma diferente agora. Evidentemente, é algo bastante comum. Sim, mas sabes… Na altura, mesmo festivais muito bem sucedidos, mas continuava a ser mais como um hobby. Não era uma profissão nesse sentido, nós não ganhávamos a vida com isto. Hoje em dia, é o nosso trabalho a tempo inteiro. Por isso, obviamente, é diferente e, com certeza, nós levámo-lo mais a sério e…
M.I. – Mas, isso é ótimo. Há uma evolução.
J. - Sim, é, é. Claro. E, sabes, à medida que o tempo passa, nós fazemos mais álbuns e fazemos mais música e, obviamente, evoluímos. Sim. Sim. Bastante diferente, mas a cena continua um pouco a mesma. De certa forma, os fãs de metal são fãs de metal leais. (…) Para nós, é um pouco estranho ver gerações de pessoas na audiência. Há os pais de miúdos e eles podem ser um avô ou algo assim. Então, é bom ver que as pessoas nos estão a seguir através destas gerações, sabes, é bom tipo reconhecer que o sentimento está vivo e os fãs estão lá, devido ao facto de a indústria musical ser bastante difícil. Talvez não vendas muitos discos, porque tudo é em streaming, toda a gente está a fazer streaming e ninguém está disposto a pagar pela música e coisas dessas. Deste modo, isso tornou a nossa vida um pouco mais ocupada, porque nós temos de estar sempre em tournée. Quero dizer, não podes confiar um álbum para venda, tens apenas de ir para a estrada para ganhar a vida. Mas, dessa forma, vês que os fãs estão lá e os antigos fãs, que nós conhecemos há 20 anos atrás, continuam lá. E os miúdos deles estão lá. Por isso, eu penso que é ótimo.
M.I. - Planos para o futuro? Que tal uma tournée até Portugal?
J. - Eu julgo que nós iremos a Portugal, sabes. (…) Eu gosto de Portugal. Nós tocámos muitas vezes em Lisboa e no Porto e em alguns festivais e assim. Mas existirão concertos em Portugal. Esta não irá ser a única tournée europeia. Nós, provavelmente, faremos duas tournées de qualquer maneira, por isso... No próximo verão, não neste verão mas no próximo, haverá festivais, prometo, eventualmente, nós iremos.
M.I. - Ótimo! OK. E agora, penso que é tudo. Muito obrigada pelo teu tempo.
J. - Muito obrigado. “Obrigado. Muito obrigado.”
M.I. - Por favor, deixa uma mensagem aos fãs portugueses.
J. - ‘The Queen of Time’ sai na próxima semana, vão buscá-lo, espero que gostem e o mantenham verdadeiro!
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Entrevista por Dora Coelho