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Reportagem: No Future Fest Vol. 2 @ Sala But., Madrid

 

As lendas vivas do punk rock de 77 reuniram-se em Barcelona e Madrid, nos passados dias 20 e 21 de Setembro, e a Metal Imperium não podia deixar passar a oportunidade. Rumámos à capital espanhola para assistir ao No Future Fest Vol.2, que decorreu na sala But.


O concerto, organizado pelo incansável Manuel Destars, arrancou com uma actuação espectacular dos espanhóis Mad Punk. Liderados por Jose Luis Salcines "Monk", o quarteto formado por integrantes de três dos grupos pioneiros do punk madrileno (Espasmódicos, Larsen e TDeK) arrancaram com um alinhamento que passa em revista o reportório das mesmas, com "Mad Punk" e "Carne Picada" a serem imediatamente recebidas com felicidade por parte da plateia, que já mostrava vontade de fazer a festa, na discoteca decorada bem ao estilo dos anos 70. Infelizmente, em Portugal, o desconhecimento do reportório da banda faz com que passemos ao lado de uns excelentes executantes e de temas como “Nacido de la pota de un punk”, "Poseso" ou "Frontera Francesa", que fizeram a festa entre os espanhóis. Excelente aquecimento para o que viria depois!!!


Mudança rápida de material em cima do palco e altura para receber os primeiros britânicos da noite, os Anti-Pasti. A banda de Derby passou a 7 de Março deste ano, pelo Popular Alvalade em Lisboa, num concerto organizado pela Zero Ambition e que teve Dalai Lume na primeira parte, mas que por ter acontecido a uma quinta-feira não teve a presença de público que merecia. E isto porque a banda liderada por Ben Hanson deu um excelente concerto em Madrid. Famosos desde que em 1981 lançaram o split EP "Don't Let 'em Grind You Down", com The Exploited, e que atingiu o primeiro lugar do top britânico, os Anti Pasti arrancaram com o clássico "Time to Hate" e logo ali a sala reagiu à energia que vinha do palco. "Ain't Got Me" e "City Below" continuaram o clima de festa, que se manteve até final. Com o público madrileno a acarinhar a banda, destaque para o guitarrista Ollie Hoon, com grande atitude em palco, especialmente nas faixas "Caution in the Wind" e "Rise Up". Para o final ficaram as grandes malhas dos britânicos, "Lies, Lies, Lies", "Another Dead Soldier" e o clássico dos clássicos "No Government", entoado em coro por uma sala cheia.


Do oeste da Grã Bretanha chegaram os One Way System, uma banda de street punk formada no longínquo ano de 1979. Embora hoje nenhum dos elementos originais esteja já na banda, esta é liderada por David Ross, que está lá desde 1981. Reformados em 1995 depois de um hiato de nove anos, os One Way System contam com J. Sussel nas vozes, e que deu um tremendo show na frente de palco. Sem tréguas, nem espaço para conversa desnecessária com a plateia, foram 40 minutos sempre no fio da navalha, arrancando com "Ain't No Antlers" e percorrendo a sua extensa discografia, com destaque para "Gutter Boy", "Victim" ou "Waste Away", mas a cereja no topo do bolo viram para o final da prestação, com uma sala em delírio com "Jerusalem" e "Car Bombs".


Sala cheia para receber Charlie Harper e os seus UK SUBS. Do alto dos seus 75 anos, e acompanhado pelo baixista Alvin Gibbs - que chegou a acompanhar Iggy Pop na mesma altura - Harper surpreendeu pela sua capacidade física, durante uma hora em cima do palco da sala But. Surpresa também no alinhamento, com os Subs a tocarem na íntegra o mítico primeiro disco "Another Kind of Blues" de 1979, de "CID" a "Stranglehold", passando por "Rockers", "All I Wanna Know", "Crash Course", etc. 

Para a fase final do concerto, os UK Subs reservaram um bom arsenal de músicas de álbuns de várias alturas e algumas delas bastante significativas na época. De facto, com a extensa carreira musical que conta 26 álbuns, haverá certamente muito por onde escolher. "Limo Life", single editado pelo supergrupo The Urban Dogs, não faltou, assim como "Warhead" não poderia faltar, e a sala explodiu numa monumental festa punk. "Riot", "Endangered Species", "Fragile" e “You Don’t Belong” antecederam o final com “Party in Paris”, que bem podia ter sido alterado para Party in Madrid!!!  Velhos são os trapos, parecia dizer Harper...


E ainda faltava receber em palco os GBH!!!

Uma das bandas mais representativas e pioneiras do punk hardcore, juntamente com The Exploited ou Discharge (agendadas para tocar na quarta parte deste No Future Fest, a ser realizado em 4 de Fevereiro de 2020 na sala Cool Madrid), foram inspiração para bandas como Metallica, Anthrax ou Slayer. No público, esse facto era bem perceptível, com metálicos em comunhão com punks e skins. Quem disse que a música não une as tribos?

Da formação original que começou em 1978, o cantor Colin Abrahall ainda por ali anda, com o guitarrista Colin "Jock" Blyth, mas agora temos Ross Lomas no baixo e Scott Preece na bateria. Com o alinhamento baseado nos primeiros álbuns, a festa começou com "Race Against Time", "Knife Edge" e "Lycanthropy", logo seguidos por "Necrophilia", "Dead on arrival", "Generals" e "Freak". Que início demolidor, com a libertação de faixas sem tempo para ninguém respirar! A crítica social continuou com passagem pelos singles “No Survivors”, “Give Me Fire”, “Am I Dead Yet?” e “Slit Your Own Throat”. "Sick Boy" não poderia faltar mas os GBH também mostraram coisas do último disco de originais, com "Momentum" a anteceder o clássico "Diplomatic Immunity".


Para o final de um excelente concerto, ficaram faixas de 82 e 83, fase de ouro dos Charged GBH, atacando de imediato “City Baby Attacked By Rats” e “City Baby Revenge”, despedindo-se com "Time Bomb" e "Maniac", entre as quais ainda deixaram "Liquid Paradise (The Epic)" do álbum "Momentum" de 2017.

O No Future Fest segue já no próximo dia 15 de novembro com os Cockney Rejects, Frontkick, Jenny Woo e Klobber.

Punk’s not dead!!

Texto e fotos: Vasco Rodrigues
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Agradecimentos:  No Future Fest